quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O que ando a ler

O Tratado da Árvore revelou-se um livro para outros dias, isto é, para uma maior disponibilidade mental.
Robert Dumas pretende fazer da árvore um tema filosófico e construir a partir dele o seu sistema.
Assim vagueei por Ferreira de Castro, que continuo a achar fascinante e encontrei na estante um livro que tenho comigo desde o século passado e com o aparecimento nas livrarias de uma nova edição nas livrarias, dei por mim a pensar que nunca o tinha chegado a ler.

Só um paragrafo para abrir o apetite a futuros leitores:



[...] É curioso. Já quase não tenho a sensação de ter uma alma. Sinto-me perfeitamente límpido, tranquilo e vazio por dentro. Há as vozes dos pássaros e há a luz vermelha sobre aquele órgão de rocha e há o sabor amargo, forte e puro do café sem açúcar. Mas não há amarguras, nem recordações, nem angústias. Estou suspenso num giroscópio. Vazio, puro e limpo.

Talvez tenha finalmente conseguido. Talvez me tenha libertado, contando [...]


terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Perpétua das areias (erva caril) (2).



Helichrysum italicum ((Rth.) Don. (Asteraceae) é um ícone na flora do Mediterrâneo.
O uso dos seus óleos essenciais em glamorosos perfumes e produtos de beleza tornou esta planta num ícone do luxo e da moda.
A distribuição do H. italicum estende-se por todo o Mediterrâneo, as suas propriedades nõ se limitam às fragrâncias que produz e podem beneficiar também a saúde humana.
Neste contexto H. Italicum pode ser visto como um gigante adormecido da medicina tradicional (“herbal”, no original) do Mediterrâneo e os seus extractos têm o potencial de serem desenvolvidos como ingredientes de suplementos diatéticos tal como os seus óleos essenciais têm sido usados com sucesso na perfumaria e na aromaterapia.
Acordar este gigante não será simples, mas os estudos recentes têm fornecido as bases para o renascimento do Helichrysum.
O artigo que aqui traduzo de forma livre do inglês, apresenta a fascinante faceta etnobotânica do H. italicum sob a luz da moderna investigação molecular dos seus constituintes, dos alvos farmacêuticos, descrevendo com o devido relevo os estudos intensivos levados a cabo desde 1930, em Itália pelo investigador, Leornado Santini.
(Continua)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Desconhecido



Alguém conhece?
Forma uma trepadeira vigorosa e está neste momento com frutos como o da fotografia.
As folhas da trepadeira são visíveis junto ao fruto

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O gigante adormecido da medicina tradicional mediterrânea




É o título de um artigo publicado na Herbalgram do Amerian Botanical Council  em 1/2/2015, 36,N.º105.
Um outro título dum artigo com um autor comum (G Appendino, Dipartimento di Scienze del Farmaco, Novara, Italy)  diz:
Helychrysum italicum, de volta à medicina através dos “vapores” (tinsel) do luxo, publicado na Planta Medica N.º 16, Dezembro 2015

Estamos a falar da Perpétua-das-areias ou Erva caril
A fotografia é de Novembro, as flores embora mantendo o amarelo, já estavam praticamente secas.


As referências são antigas, Plinio, o Velho, na sua História Natural (Caii Plinii Secundi Historiae Naturalis Libri XXXVII) diz:
As roupas consagradas devem ser salvaguardadas com este aroma 
(tradução ligeira de Vestes tuetur odore non inelegante). 
 Dioscorides (Materia medica 4.57,),relata também os efeitos benéficos desta planta.
Ambos os livros do sec I DC.
Actualmente as marcas de perfumes internacionais, dão razão a Plínio , e assim o Homme da Van Cleef &Arpels,  o Magie Noire da Lancôme e Femme da Rochas (passe a publicidade) utilizam a essência da perpétua das areias para confeccionar estes perfumes.
Em termos de investigação, constroem-se modelos para conseguir definir a complexidade das moléculas que podem ser obtidas a partir destas plantas, o estudo começou em Itália com o Professor Leonardo Santini (1904—1983) e continuam com interesse actual que as novas técnicas de análise permitem aprofundar.
Em termos etnobotânicos (o uso de plantas através de tradição ao longo dos tempos) ele é aplicado em problemas respiratórios e digestivos.
A quantidade a utilizar é pequena quando se faz um chá.
Do nome erva-caril, utilizo-a para fazer arroz, só temperado com esta erva, para quatro pessoas, quatro folhas são suficientes para dar um aroma próximo ao do caril, mas muito mais leve.

Voltarei a esta planta.