sexta-feira, 27 de maio de 2005

Aquilino Ribeiro


A bolota taluda ficara ali muito quieta, muito bem refastelada em virtude do próprio peso, enterrada que nem pelouro de batalha depois de passarem carros e carretas. Que fazer senão deitar-se a dormir?! Dormiu uma hora ou uma vida inteira, quem sabe?! Um laparoto veio lá de cascos de rolha, rapou a terra, fez um toural, aliviou-se, e ela ficou por baixo, sufocada sem poder respirar, em plena escuridão. Estava no fim do fim? Um belisco, e do seu flanco saiu como uma flecha. Era de luz ou de vida? Era uma fonte ou antes um cântico de ave, de água corrente, de vagem a estalar com o sol (... )? Era tudo isto, encarnado no fogo incomburente que lhe lavrava no flanco, verbo que acabou por irradiar do próprio mistério do seu ser.


Do pinhão, que um pé-de-vento arrancou da pinha-mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes, gerou-se a floresta.


A Casa Grande de Romarigães (excerto)


terça-feira, 24 de maio de 2005

O imbondeiro


Ao passar na rua do Arsenal, naquelas mercearias que têm o que a gente imagina e o que não imagina deparei-me com um fruto à venda que me fez literalmente parar: Era o fruto do imbondeiro (também se diz embondeiro, ou baobá, mas prefiro esta grafia). Ando há anos a pedir sementes desta árvore e agora tinha ali um fruto com 1,850 kg à minha disposição. Ganhei coragem de o tentar semear cá quando o vi ser plantado no jardim Garcia da Orta nos terrenos da expo. Ainda não o cortei, mas num futuro post ponho a fotografia. Há árvores que marcam e esta foi uma delas, começando no PRINCIPEZINHO de Antoine Saint-Exupéry, que me fez entre coisas passar a adolescência à procura da minha raposa. MOCAMBIQUE - embondeiro 2_resize.jpg E nos cinco anos que estive em África, foi a árvore que mais me impressionou. O imbomdeiro, Adansonia digitata, L., da família das bombaceae, a mesma das ceibas. Esta planta tem dois tipos de folhas conforme a idade. Justificação para que no princípio do século passado fosse uma árvore considerada em vias de extinção e árvore fóssil por não se conhecer este facto e não se verem exemplares jovens com as folhas do exemplar adulto. Falta de comunicação também um pouco aqui. Em África ouvi um nativo dizer, que o imbomdeiro só dava fruto quando mudava de roupa. Pelas populações locais esta árvore é uma árvore protegida e muitas vezes se lhe ligam sentimentos religiosos. Nalguns locais é tido como um intermediário entre Deus e os homens. E percebe-se, pelo elevado número de utilizações que as populações locais fazem dele. As crateras que se abrem no interior do tronco, para além de poderem armazenar água, servem muitas vezes de celeiros de cereais e até de sepulturas As raízes algumas vezes são desenterradas para se tirar parte delas e produzir um corante vermelho, que se usa para corar olaria, madeiras e tecidos. Do entrecasco extraem-se fibras grosseiras que servem para a confecção de cordas e tecidos grosseiros. A polpa dos frutos seca dá origem a uma farinha de sabor agradável. A farinha é rica em vitaminas C e do complexo B, de enorme valor nutricional e muito procurada como remédio. Foi considerada um dos remédios mais eficazes contra a disenteria e passou a ser conhecida na farmacopeia como Terra de Lemnos. O ácido da polpa é utilizado como coagulante da borracha. Consomem-se as sementes depois de torradas. As folhas são usadas em culinária depois de cozidas em sopas e esparregados. Notas técnicas de :Fruticultura tropical – J. Mendes Ferrão, Ed. IICT

Famílias:

Sabedoria popular


Vou começar a fazer posts com esta entrada para relatar testemunhos, antigos e novos que vou ouvindo, que têm um sentido profundo de observação mas, que coloco reservas, certezas ou interrogações na sua veracidade. Esta primeira é uma interrogação.
Veio a propósito de um melro ter feito um ninho no meu damasqueiro. Um senhor já de idade e que se cruzou comigo deu origem a uma conversa interessante, de que retiro um seu postulado

O melro só gala a melra em águas correntes

segunda-feira, 23 de maio de 2005

A cebola


Cebola,
luminosa redoma
pétala a pétala
se formou tua formosura,
escamas de cristal te acrescentaram
e no segredo da terra escura
se arredondou teu ventre de orvalho.

Pablo Neruda

sexta-feira, 20 de maio de 2005

Como parece estar na moda as pétalas comestíveis, aqui estão para mim as pétalas mais saborosas, as da feijoa (Acca sellowiana syn. Feijoa sellowiana, Berg), família das mirtaceas, também conhecida por goiaba serrana ou goiaba abacaxi. Deve o nome a um naturalista, João da Silva Feijó (1760-1824) que a descobriu no Sul do Brasil. Segundo nos informa Pio Correia, a goiaba serrana é uma espécie duplamente útil ao homem. Em primeiro lugar, diz o autor, referindo-se à planta como um todo, "pela elegância do porte, persistência da vistosa folhagem e beleza das flores". De facto, quem vê a árvore da feijoa em floração, na primavera, não pode deixar de admirar as flores de pétalas brancas por cima e arroxeadas pelo lado interno, contrastando com os estames de cor púrpura. Tais pétalas carnudas, além de belas, são comestíveis. Para Pio Correia, as pétalas da flor de feijoa - gulodice de crianças - possuem um agradável suco adocicado, divertido de se mastigar. As folhas da feijoeira são também muito bonitas e ornamentais: pequenas e estreitas, são verde-escuras na parte superior e prateadas na parte inferior. A segunda grande utilidade dessa planta, para Pio Correia, residiria na "excelência de seus frutos, cuja polpa espessa, aquosa, é muito aromática, abundante e saborosa". Seu sabor, próximo do sabor da goiaba comum, é considerado por alguns como uma mistura dos sabores da banana, do morango e, especialmente, do abacaxi, explicando-se, por esse motivo, outro de seus nomes vulgares: goiaba abacaxi. Esta é uma planta que consigo que floresça mas que acaba por nunca frutificar, continuo sem perceber o processo de polinização. As referências que li, falam que são os pássaros que as comem que polinizam a planta, e os pássaros portugueses ainda não descobriram o sabor das pétalas. Outra referência diz ser necessário duas espécies diferentes para existir a polinização, o que estou a tentar. (copyright da imagem: http://www.boga.ruhr-uni-bochum.de)

quinta-feira, 19 de maio de 2005

...


Quando se encara a ética católica a partir do dever, da norma, do preceito, ela fica sem graça nenhuma e desgraça a natureza humana feita para o abraço do céu e da terra.

Frei Bento Domingues

quarta-feira, 11 de maio de 2005

Conteira

Conteira
azadiractina.jpg


Como já foi relatado por uma aficionada a conteira  (Melia azedarach) serve para fazer um insecticida caseiro.

Os italianos já vendem o insecticida biológico feito somente do extracto de plantas duma espécie muito próxima Azadirachta indica A.Juss, com o principio activo presente também na conteira, a azadiractina.

terça-feira, 10 de maio de 2005

Almada Negreiros


As palavras necessárias para salvar o mundo já foram
todas proferidas, só falta salvá-lo.

sexta-feira, 6 de maio de 2005

Tomate arbóreo ou Tomate maracujá

Esta planta, Cyphomandra betacea Sundt., da família das Solanaceae, a mesma do vulgar tomate, possui porte arbustivo de 2-3 m de altura e seus frutos são comestíveis. É nativa da América do Sul, provavelmente do Peru. É uma planta tropical, mas de altitude, e adapta-se a clima subtropical; mas só floresce onde as noites são frias. Às vezes é queimada por geadas mas recupera. O consumo pode ser ao natural, mas é também usado em geleias, temperos e outros produtos. Ainda não acertei foi na quantidade certa para utilizá-la como substituto do tomate.

quarta-feira, 4 de maio de 2005

Andorinhas 2

Andorinhas 2
andori.jpg


Chegada da Andorinha-dos-beirais (Delichon urbica) relatadas nos blogs

Alentejo - 11 de Janeiro
Lisboa Meados de Março
Epicentro 17 de Abril
S. Domingos de Rana 20 de Abril
Porto 27 de Abril

Embora a datas não tenham um rigor científico, servem de para se ter alguma referência