quinta-feira, 21 de julho de 2011

Requiem por um choupo

Populus Nigra, cultivar italica no Parque das Nações - Lisboa
Era uma cidade com aromas de viajem,
Aquela onde um dia fui criança,
Esta noite estrangularam outra árvore habituada
A ver-me passar, e ninguém se importou com o assunto.
E eu que varri muitas folhas derramadas dessa farta
cabeleira num Outono já distante estremeci
com o ruído seco do velho choupo a morrer.
Aconselharam-me a ficar calado:Não há tempo para escutar
canções de melros entre ramagens.
Mas sou teimoso!Ridículo é aceitar que o alcatrão
vença e os anestesiados se dirijam cada vez mais velozes
para a sua verdade infeliz!
Então peguei no meu caderno de emoções
e escrevi com uma lágrima de raiva:
Quando a cidade não ama
As suas árvores, que medalha
deverá um Poeta pôr no peito
dos que a governam?         

  Luís Filipe Maçarico, in "A Essência"

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Aranhas e cheias

Nas áreas afetadas pelas cheias (KN Shah, próximo de Dadu, na província paquistanesa de Sindh). O avanço das cheias foi muito lento, e as aranhas tiveram tempo de subir às árvores, o tempo das cheias também foi superior ao normal, as aranhas ficaram.
Na zona não há lembrança de ter tal ter acontecido.
O número de mosquitos decresceu bastante e o risco da malária também.

O facto de não haver memória viva (apx 75 anos) ou memória escrita (apx 5000 anos) não é nada comparado com a idade da terra, a questão é cada vez mais surgirem fenómenos extremos
como consequência de registos climáticos novos.

Foto de 7 de dezembro de 2010 retirada de Scenes From Pakistan

O que não consigo escrever nem dizer


Depois das vacas loucas, das galinhas com nitrofurano na corneta e dos porcos engripados, eis-nos perante mais uma comédia irresponsável: a dos pepinos espanhóis que afinal são rebentos de soja alemães.
O cagaço colectivo no seio desse po(l)vo estranho que dá pelo nome de “União Europeia” dá-se às mil maravilhas no húmus do obscurantismo. O consumidor médio, desinformado, susceptível e vulnerável, ingressa logo na pepinada e embarca sem pensar na histeria euromentirosa.
Tenho algumas coisas a dizer sobre isto. Uma: vacas loucas, sempre as houve – basta ir a uma casa de alterne. Outra: galinhas estúpidas também – basta verificar o número de abstencionistas nas passadas eleições legislativas. Estoutra: porcos ranhosos é redundância – basta apreciar os barões e os tubarões dos famigerados “mercados” financeiros internacionais.
Agora, quem não tem culpa é o desgraçado do produtor do fálico pepino e do testicular tomate. A irresponsabilidade dos arautos da bactéria atinge foros de criminalidade. Sensacionalismos deste calibre podem servir para aumentar a publicidade no intervalo dos telejornais, mas a mim não me convencem nem um bocadinho.
Eu sei por que motivo esta historieta pepineira veio ao de cima: é porque o futebol está de férias. Como é preciso manter-nos bovinizados, nada como uma manhosa conspiração multi-sanitária à escala teutónica.
Quando é que chega o dia em que os vulgares produtores e os ordinários consumidores deixarão de ser encarados como cifras FMÍsticas ou como larvas acéfalas tão facilmente esmagáveis pelo Banco Central Europeu?
Quando é que voltamos a ser pessoas? Não somos fungos. Não somos nódoas. Não somos caracóis. Não somos fardos de palha. Somos os que vieram depois das duas guerras mundiais. Somos os tolinhos da “democracia”. E seremos nada enquanto não quisermos ser tudo.

É por isso que sei muito bem, mas não digo, em que sítio do corpo é que lhes mandava meter o pepino.
in "Ribatejo" Rosário Breve, Daniel Abrunheiro, Pepinada

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A cerejeira



A cerejeira da Maria adiantou-se à Primavera, queria estar presente quando a árvore se encher de flores, queria receber os passarinhos que precisam dos seus braços para cantar.
As abelhinhas andavam numa azáfama a arrumar a casa, porque sabiam que a cerejeira da Maria estava a começar a rebentar e queriam fazer o melhor mel do ano.
As joaninhas também por lá andaram, a comer pequenos insectos para proteger as flores.
Um ratinho que morava no tronco do castanheiro comentou com a toupeira:
- Não faças buracos na terra junto das raízes da cerejeira, ela ainda é muito pequenina, temos que a tratar muito bem!...
Até o Tiago, nas suas arrumações, passou a respeitar aquele espaço, o espaço da mana, muito varrido, para receber as pétalas das flores.
A vizinha, ao ver todos aqueles cuidados, perguntou:
- Que se passa?
E logo apareceu a raposa, esperta, fina, um pouco metediça.
- Então não sabes?
Nasceu uma cerejeira!
- Uma cerejeira? – Perguntou o gaio.
E o melro que por ali andava repetiu: Uma cerejeira!...
- Boa novidade! Quer dizer que vamos ter cerejas!
A dona coruja ainda muito ensonada: é o que faz andar em noitadas… - atalhou logo: É uma “princesa da árvore de flores abertas” chama-se “Sakura”
O mocho muito senhor do seu nariz, com um ar muito doutoral, explicou:
Uma princesa desceu do céu e caiu sobre uma árvore que se cobriu de flores na Primavera a que os Japoneses chamam “Sakura” e que é o seu símbolo. Se guardarmos as flores conservadas em sal as pétalas transformam-se no chá, o “sakura-yu”, um chá muito especial que é servido em cerimónias como o casamento.
- Já cá faltava o doutor! Mas fique sabendo que eu também conhecia a “Sakura”, e já ouvi falar de “hanami” e piqueniques organizados na altura de contemplar as cerejeiras floridas.
Com a chegada da noite os animais foram indo para as suas casas, apenas ficaram por ali a coruja e o mocho, muito ocupados com as suas actividades nocturnas, e a cerejeira sentiu-se só e um pouco assustada com o grunhir do javali, mas olhou para o céu e logo se sentiu acompanhada por uma infinidade de estrelinhas muito brilhante. Uma delas tinha um brilho muito intenso e disse-lhe:
Princesa não tenhas medo! Eu sou a tua estrela, também fui menino e estou aqui para te proteger, eu serei sempre a tua guia…
E assim foi. Todos os anos a cerejeira crescia, cobria-se de flores, de cerejas, de folhas verdes, que no Outono ficavam vermelhas e amarelas, no Inverno caíam, uma a uma, para ficar mais leve durante o soninho do Inverno.
E foi sempre assim até que um dia a Maria trepou à árvore para apanhar cerejas vermelhas, carnudas, brilhantes, sedutoras, encantatórias e ouviu uma voz que lhe disse:
- Faz uns brincos de princesa com as minhas cerejas, e a Maria assim fez
- Olá avô! Estou linda?



terça-feira, 17 de maio de 2011

José Saramago

Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e
o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa,
privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E
finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os
Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas
privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação
do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a
todos.»

José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148

e Obrigado

terça-feira, 10 de maio de 2011

Mangueiras em flor

Esta mangueira, (árvore de fruto para os mais distraídos) Mangifera indica L., foi reproduzida pelo método que expliquei neste blog, o ano passado deu as primeiras mangas, mais pequenas que o fruto donde se tirou a semente mas muito mais doces, muita fibra no fruto. Daquelas que dá gosto ir chupando tudo até ao caroço.
Este ano está com muitos cachos de flores. Os frutos,embora cedo para acalantar esperanças, se começarem a vingar muito tenho que começar a podá-los, a árvore terá ainda 2 metros.
Este ano as árvores tropicais com esta humidade toda estão a gostar.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Na Gulbenkian, amanhã

Ambiente. Porquê Ler os Clássicos,
Viriato Soromenho-Marques, responsável pelo programa Gulbenkian Ambiente, falará sobre a primeira obra:
Walden ou A Vida nos Bosques
,
no dia 6 de Maio, às 18h, no Auditório 3 da Fundação. Os comentários estarão a cargo de Isabel Capeloa Gil.

Fui para os bosques porque pretendia viver deliberadamente,
defrontar-me apenas com os factos essenciais da vida,
e ver se podia aprender o que ela tinha a ensinar-me, em vez
de descobrir à hora da morte que não tinha vivido.


Walden; ou, A Vida nos Bosques (1854) é Henry David Thoreau

segunda-feira, 2 de maio de 2011

As cerejas bem vindas


No sábado comemos as primeiras cerejas do ano. Eram da freguesia de Alcongosta, cujo nome dá quase tanto gosto de pronunciar como comer as cerejas que lá magicam.
Eram verdes, verdinhas e eram caras: dez euros o quilo. Comprámos, pacatamente, meio quilo, mas a receita rendeu-nos 50 cerejas gordas e luzidias a cinco cêntimos cada bochecha, já que cada cereja tem duas,que até às vezes são marcadas, como as bochechas do rabos.
Nunca tínhamos comido cerejas tão cedo. A senhora a quem comprámos avisou-nos que era um “bocadinho amargas” e que mais valia a pena esperarmos uns dias, até chegarem as cerejas de Resende, essoutra distinta freguesia do Fundão, que viriam mais doces e mais baratas.
“Pode provar”, consentiu como quem diz “quem te avisa teu amigo é”. Desafiei-a e puxei de uma delas. Que ácida e carnuda luxúria experimentei! Voltei ao século XIX – transportei-me. Os caroços eram verdes e as cerejas cantou a Maria João, sabiam a flor – à sakura japonesa – e a chuva. O sol e o açúcar já estavam apaixonados e já eram noivos, mas ainda não se tinham casado com cereja nenhuma. Que boas que eram estas cerejas ainda solteiras mas já prometidas, boas de pleno direito, perfeitas para quem gosta mais de presenças do que de esperanças.

Não são as cerejas doces, baratas, abundantes e deliciosas que aí vêm. São estas ácidas, caras, raras e deliciosas que aí andam agora que estão prestes a desaparecer. Ambas são, desigualmente, bem-vindas.
Miguel Esteves Cardoso - in Público (coluna diária - Ainda ontem) 2/5/2011

Miguel Esteves Cardoso, na minha opinião, é um colunista que às vezes escreve bem sobre coisas interessantes, às vezes estes períodos são curtos.
Desta vez gostei do texto mas integrou-me as cerejas verdes, amarelas sim, verdes nunca vi, serão mesmo apanhadas verdes e não passam desta cor ou é alguma tentativa de vender mais cedo a 10 euros o kilo?


domingo, 1 de maio de 2011

Eclesiástico

O Senhor produziu na terra os medicamentos;
o homem sensato não os desprezará.

Antigo Testamento, Ecli 38:4, (sec. II AC)
Bíblia; 19ªedição dos Capuchinhos

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Azereiro

Esta árvore (ou arbusto?), Prunus lusitanica L. subsp. lusitanica., encontra-se na lista vermelha da IUCN , sendo considerada em perigo de extinção. Poucos se vêm em Portugal, embora seja uma árvore nativa, aparecendo muito menos do que merece em jardins e em parques. Também espalha o nome de Portugal por este mundo fora, em francês, Laurier du Portugal, em inglês, Portugal laurel.

A associação ao nome de louro, penso que tem a ver com a folhagem persistente e o tipo de brilho semelhante ao do loureiro. Pouco conhecida em Portugal, pouco se vê nos viveiristas mas usada como ornamental pelo mundo fora.

Antigamente era usada como cavalo para o enxerto de garfo em espécies do género prunus. O fruto é considerado comestível, mas só quando está completamente maduro. É muito apreciada pelos pássaros. Embora as suas congéneres do género prunus sejam de folha caduca esta espécie é de folha persistente. Tem um parente próximo que também se encontra na Red list da IUCN, o azereiro dos Açores, Prunus lusitanica L. subsp. azorica (Mouillef.)

Este é um aproveitamento dum post de um blog meu antigo, fui consultar a edição da Red list de 2010 e já não encontro referência ao azereiro.


terça-feira, 26 de abril de 2011

Sepentárea







Porquê o nome serpentárea?
No que encontrei, a razão mais relevante será a de que as suas folhas e raízes protegiam contra as serpentes. Essa referência é antiga, o autor é Johann Wonnecke von Kaubque que latinizou o seu nome para Johannes de Cuba, médico em Frankfurt e publicou o que é considerado um dos primeiros livros de história natural, Gart der Gesundheit (1485) posteriormente traduzido para latim com o título de Hortus sanitati (1491), que se poderá traduzir como um Jardim Saudável ou o Jardim da Saúde,um livro em que aceita muitas lendas, sem crítica de análise, tipo sereias e Minotauro (existe quem refira a primeira publicação em 1473).
Natural da zona entre a costa mediterrânea grega e as Balcãs.
Não parece uma planta mediterrânea, mais se assemelha a uma flor tropical.
Trata-se do Dracunculus vulgaris, Schott. (1832), da família dos jarros. É considerada semi-espontânea em Portugal, com vários nomes, desde planta cobra, serpentina, líriodragão (tentando traduzir o nome inglês).
O apêndice central da flor, no caso da fotografia tem 70 cm de comprimento, dizem que pode chegar aos 135cm em jardim.
Com esta beleza toda tem um senão, quando a flor abre cheira a carne podre, durante um dia ou dois, assim atrai as moscas que são os seus polinizadores.

Todas as partes aéreas são venenosas.

Encontrei um site que relata o uso dos bolbos, na sua zona de origem, na alimentação, mas que seria necessário fervê-los durante um tempo considerável para libertar as toxinas ( amodos como o inhame nos Açores).

domingo, 24 de abril de 2011

Ka’a He’e ou como uma planta pode começar uma guerra



A Ka’a He’e, que significa folha doce no dialecto guarani, povo originário da zona da América do Sul entre o Brasil, Paraguai e Bolívia.

No Ocidente a primeira referência vem de Petrus Jacobus Stevus (Pedro Jaime Esteve), físico e botânico espanhol, a latinização do seu nome deu origem a stevia (Stevia Rebaudiana Bert.), Desde estes primeiros contactos que esta planta é referenciada como adoçante.

A história como tantas outras começa a ter o seu quê de caricato.

Em 1899 um botânico suíço, Moisés Santiago Bertoni, durante uma expedição ao Paraguai, descreveu em detalhe o sabor a utilização da planta

A partir dos anos 60 do século passado, pretendeu-se utilizá-la como adoçante alternativo ao açúcar extraído da cana. São referenciados vários valores em termos da potência adoçante relativamente ao açúcar, desde 30 a 45 considerando a folha fresca, que é utilizada individualmente ou nos chás e comidas.

250 a 300 vezes considerando só um dos compostos, a stevioside (Steviol glycoside, ou esteviosídeo em brasileiro), descoberta por purificação do extracto seco em 1931 por dois químicos franceses. Esta substância é estável perante o calor da confecção dos alimentos, tem um PH estável e não fermenta.

Em 1971 uma empresa japonesa Morita Kagaku Kogyo Co. Ltd, começou a produzir um adoçante de nome stevia, que passou a ser utilizado em produtos alimentares, bebidas e como substituto do açúcar de cana à mesa. Neste momento 40% do açúcar utilizado no Japão tem esta origem. Uma das razões deste sucesso foram estudos realizados no Japão que demonstram que este adoçante natural é bem tolerado pelos diabéticos, não produzindo efeitos secundários .

Na Europa, a últimas directiva (2000/196/EC) referente a esta planta, baseado num - Opinion on STEVIOSIDE AS A SWEETENER (CS/ADD/EDUL/167 final 17 June 1999) diz que é recusado a autorização de entrada no mercado da planta ou de qualquer extracto dela proveniente.

Este estudo conclui que o esteviosídeo pode apresentar problemas para a saúde humana nomeadamente problemas cancerígenos e na fertilidade masculina. A tese é baseada em estudos de várias universidades. Note-se que as doses utilizadas em animais chegam a ser de 2500 mg/kg por dia, (embora comecem com 10 mg/kg/dia).

Em contas rápidas:

2500mg=2,5g

Uma pessoa com 50 Kg, teria que tomar durante 30 dias seguidos

2,5x50=125g

Um pacote de açúcar tem o peso médio de 7g.

125g/7=18 pacotes

O estudo reconhece que o poder adoçante é 250 a 300 vezes o da sacarose

18x300= 5400 pacotes

A conclusão é que referência do estudo chega a um caso limite em que se estão a dar o equivalente a 5400 pacotes de açúcar por dia a uma pessoa de 50kg, no caso eram ratos de laboratório (tipo F344).

Os ratos machos desenvolveram tumores nos testículos. Notam também que com um terço da dose não foram detectadas anomalias.

Sobre o consumo ao natural existe outro estudo da comunidade  Europeia - Opinion on Stevia Rebaudiana Bertoni plants and leaves (CS/NF/STEV/3 Final 17 June 1999). Neste caso dizem que não havendo estudos que provem a segurança do consumo em fresco da planta esta não é permitida no espaço Europeu, entretanto a França conseguiu uma autorização especial para a sua cultura de modo a estabelecer parâmetro s de cultivo (patentear uma variedade?).

Nos Estados Unidos da América foi proibida, sendo permitida à pouco tempo só como suplemento alimentar.

O aspartame é um adoçante artificial criado em laboratório e descoberto por acaso por um químico da empresa G.D. Searle em 1965. A Monsanto comprou a G.D.Searle em 1985. A produção está assim garantida sob o escudo da patente.

Dizem as más-línguas que uma planta, que não pode ser patenteada, com estas características poderia causar algum dano na indústria deste produto.

A Coca-Cola com uma experiência feita no Japão está a tentar introduzzir este composto na confecção da suas bebidas.

A stevia na minha varanda deu-se bem com este Inverno, e está a florir agora, e embora, sob o risco de cometer uma ilegalidade, este post foi escrito mastigando umas folhas.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nepeta?


O cheiro agradou-me a floração também, comprei-a como sendo Nepeta nepetella, L.

Comecei a comparar e quase que parece o Marroio-negro, Ballota nigra. Seca no Inverno e volta a rebentar na Primavera, na mesma toiça, não se propaga como as hortelãs.

Alguém me ajuda?

Procurando melhor, deve ser : Calamintha nepeta (L.) Savi, ssp nepeta

Nomes Vulgares: Nêveda, calaminta ou erva-das-azeitonas; erva gaiteira, erva-dos-gatos;


sexta-feira, 8 de abril de 2011

A construcção do silêncio



  • […] É aquele o momento em que o silêncio se constrói na intimidade do ouvido, num fervilhar de rumores, num súbito crocitar, num trilo, num murmúrio velocíssimo entre as ervas, num estalido na água, num pequeno e miúdo caminhar entre as pedras e a terra e, sobre tudo isto, no canto seco da cigarra. E os rumores misturam-se e casam-se uns com os outros e o ouvido consegue distinguir sempre ruídos novos e diferentes entre o amálgama dos antigos, como os dedos que, desfazendo uma flor, encontram em cada estame não uma unidade, mas uma teia intricada de fios sempre mais subtis e impalpáveis do que os anteriores.


  • E entretanto as rãs, que continuam com o seu coaxar a servir de fundo a todos os rumores, sem que se transmute o fluxo dos sons, da mesma maneira que para o amigo fiel das estrelas continua sempre igual o brilho dos astros. Agora porém, a cada despontar e correr do vento, todos os rumores mudavam e se faziam diferentes e novos. Somente no recanto mais e íntimo do ouvido continuava aquela sombra de mugido rouco ou de murmúrio: era a voz do mar. […].

Pag. 103 – 104 O Barão Trepador Italo Calvino (1957) Colecção estórias – Teorema (1999) Tradução de José Manuel Calafate

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Verdade ou mentira?


Falta futuro a quem tem no presente as ambições do passado

Debate com Eduardo Lourenço, Almeida Faria, Aida Gomes, Fernando Pinto do Amaral , Maria Teresa do Amaral e Ricardo Ménendez Salmon ( que diz que a luz é mais antiga que o amor).

Hoje, ás 17h na Antena 1 ou RTP_N, inscrito na primeira sessão de debates do programa "Correntes de escrita".