segunda-feira, 27 de junho de 2016

A baga do corvo




A camarinha, já aqui falada, (Corema album (L.) Don) em língua inglesa crowberry, que numa tradução livre, significa a baga do corvo, sendo um endismo (só existe aqui) da península Ibérica reforçam como The portuguese crowberry, a baga do corvo português.

A discussão sobre a comercialização deste pequeno fruto começou, e a proposta de um nome com maior impacto no marketing já foi sugerido, Beachberry (1), a baga da praia.
O interesse pela sua composição já chegou aos meios científicos,  em termos genéricos  tem a mesma composição que os frutos vermelhos mas em menor percentagem da maioria dos constituintes (2).
Realce para os anti oxidantes que no modelo de protecção da doença de Parkinson,  tem um efeito superior ao Ginkgo biloba (3).
Mas o mais importante é que elas aí estão, prontas para qualquer dia serem apanhadas.
Da última vez fizemos referência a uma  uma canção popular, hoje falamos da lenda.
 Reza a lenda que as camarinhas vêm das lágrimas da Rainha Santa Isabel.
D Dinis foi sem dúvida um bom rei, um lendário poeta, no entanto, como marido apesar de bondoso, não era muito dado a fidelidade, algo que fazia sofrer muito a Rainha D. Isabel.
Nos Paços, onde tudo se sabia, cedo chegou-lhe aos ouvidos mais um caso amoroso do Rei inconstante. Roída pelos ciúmes a Rainha pôs-se a cavalo para tentar encontrar o marido. Ao chegar perto de um rochedo entre o Pinha e o mar, lá encontrou o Rei com sua nova amada. De coração destroçado, os belos olhos da Rainha encheram-se lágrimas e chorou tanto que cobriu toda a vegetação ao redor de pequenas gotas.
E assim nasceu a Lenda das Camarinhas, no final do verão aqueles pequenos arbustos cobrem-se de pequenos bagos brancos e agridoce em homenagem as lágrimas da Rainha Santa.

(Em alguns locais de Portugal dá-se o nome de camarinha ao granizo)

Lenda das Camarinhas (autor desconhecido)

Dizem que Santa Isabel
Rainha de Portugal
Montando branco corcel
Percorria o seu pinhal!

-“Ai do meu Esposo! Dizei!
Dizei-me, robles reais!
Meu Dinis! Senhor meu Rei!
Em que braços suspirais?!...

Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos
– não sei!...

E o pranto da Rainha
Nas suas faces rolava,
Regando a erva daninha
No pobre chão que pisava!

– “ ó meu Pinhal sonhador
Que o meu Rei semeou!
Dizei-me do meu Amor
E se por aqui passou...”

Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos:
– Não sei !..

Mas cristalizou-se o pranto
Em muitas bagas branquinhas
E transformou-se num manto
De brilhantes camarinhas!...

Eis que repara a Rainha
Numa casa iluminada...
– “ Quem vela nesta casinha
Numa hora adiantada ?!...”

Os robles silenciosos
Tão tristes  que nem eu sei,
Responderam receosos:
– O Rei!...

(1)    P. b. Oliveira and Adam Dale, Jounal of Berry Research 2 (2012) 123-133
(2)    A. J. Léon –González et al, Journal os Food composition and Analysis 29 (2013) 58-63
(3)    Macedo DLC, Master Thesis, Universidade de Lisboa, 2010

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Hortelã da ribeira



A hortelã da ribeira, Mentha cervina (L.) Opiz, é uma erva que sempre existiu lá em casa, tempero habitual nos pratos de peixe e caldeiradas, pode confundir-se com o poejo, Mentha pulegium  L.,  tem um aroma parecido, mas após cozinhado o sabor é diferente. Difere também do poejo nas folhas, e em nada se assemelha a qualquer outra hortelã, as folhas são mais miúdas e estreitas.

Normalmente no inverno seca  e não deixa marca na terra, mas volta a rebentar no Primavera, quando o tempo aquece, convém marcar onde foi plantada.
O chá é, indicado para a tosse, bronquite e afins, fresco ou seco, é amargo, mas com uma colher de mel fica bom.