quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Estou lendo...



Foi reimpresso Pela DinaLivro O Manual do Arquiteto Descalço, é um livro para repensar a nossa casa comum.
Não devia dizer mas este livro é facilmente obtido em pdf na net. Mas vale a pena comprá-lo, pelo trabalho que o Instituto TIBÁ desenvolve e que pode ser seguido no Facebook em:
A apresentação do livro começa assim
O arquiteto Johan van Lengen é muito mais que um arquiteto. É um construtor de comunidades. Desde a fundação do TIBÁ, Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura, van Lengen tem-se destacado no Brasil como uma voz a ser respeitada quando se discute a integração do ser humano em harmonia com o ambiente em que vive.

O diferencial de va Lengen está na forma como apresenta as suas ideias. Com um discurso positivo e direto, coloca o homem no centro da disputa, chamando para nós mesmos a responsabilidade pela construção do futuro.

E a essa responsabilidade não podemos fugir, por mais que muitos tenham os olhos voltados apenas para o progresso acelerado, sem dar importância às devastações deixadas pelo caminho. Se o progresso como um todo, na cidade ou no campo, não corresponde às aspirações humanas globais, não será caso para reduzir o ritmo? É uma questão para refletir. O trabalho de van Lengen é um magnífico estimulante para esta reflexão tão importante…

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Goethe

Fotografia Ribeira da Cova da Moura

Canto dos Espíritos sobre as Águas

A alma do homem
É como a água:
Do céu vem,
Ao céu sobe,
E de novo tem
Que descer à terra,
Em mudança eterna.

Corre do alto
Rochedo a pino
O veio puro,
Então em belo
Pó de ondas de névoa
Desce à rocha liza,
E acolhido de manso
Vai, tudo velando,
Em baixo murmúrio,
Lá para as profundas.

Erguem-se penhascos
De encontro à queda,
— Vai, 'spúmando em raiva,
Degrau em degrau
Para o abismo.

No leito baixo
Desliza ao longo do vale relvado,
E no lago manso
Pascem seu rosto
Os astros todos.

Vento é da vaga
O belo amante;
Vento mistura do fundo ao cimo
Ondas 'spumantes.

Alma do Homem,
És bem como a água!
Destino do homem,
És bem como o vento!

Johann Wolfgang von Goethe, in "Poemas"
Tradução de Paulo Quintela


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A bananeira



Invernos amenos, exposta ao sul, protegida do vento norte, a bananeira rejubila.
Regada no verão, e este mais húmido que o normal, concluindo com as chuvas de Inverno, e esperando que não apareçam ainda geadas até os frutos engordarem mais um pouco para nos permitir saboreá-las.

Noutras latitudes  e noutros tempos:

A Bananeira



Humilde, em meio à flora, a bananeira,

Sozinha, transplantada em terra boa,

Vive ocultando à Natureza inteira

O seu destino de morrer à toa.



E parece feliz, bebendo as águas

Do céu, para o consolo das raízes,

Como se viessem transformar-lhe as mágoas

Nos encantos das árvores felizes.



O sol enche-lhe as palmas de pepitas

De ouro, na exaltação do amor violento,

E ela paneja suas largas fitas,

As folhas verdes balançando ao vento…



Outras vezes, a chuva, como um véu

Desatado de nuvem passageira,

Cai das vitrinas rútilas do céu

Para vestir de noiva a bananeira.



Noiva, mas noiva-mãe, toda pureza,

Pois sem amor, sem mácula e empecilhos,

Faz rebentar à luz da Natureza,

Na terra, em torno, a vida de seus filhos.



Pende-lhe, em breve, o cacho, de ouro ou prata,

Dos frutos bons… Depois, a golpes brutos,

A bananeira cai em terra ingrata,

Pela desdita de ter dado frutos.



Sabino de Campos (1893 -?, Amargosa, BA, Brasil)