segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A bananeira



Invernos amenos, exposta ao sul, protegida do vento norte, a bananeira rejubila.
Regada no verão, e este mais húmido que o normal, concluindo com as chuvas de Inverno, e esperando que não apareçam ainda geadas até os frutos engordarem mais um pouco para nos permitir saboreá-las.

Noutras latitudes  e noutros tempos:

A Bananeira



Humilde, em meio à flora, a bananeira,

Sozinha, transplantada em terra boa,

Vive ocultando à Natureza inteira

O seu destino de morrer à toa.



E parece feliz, bebendo as águas

Do céu, para o consolo das raízes,

Como se viessem transformar-lhe as mágoas

Nos encantos das árvores felizes.



O sol enche-lhe as palmas de pepitas

De ouro, na exaltação do amor violento,

E ela paneja suas largas fitas,

As folhas verdes balançando ao vento…



Outras vezes, a chuva, como um véu

Desatado de nuvem passageira,

Cai das vitrinas rútilas do céu

Para vestir de noiva a bananeira.



Noiva, mas noiva-mãe, toda pureza,

Pois sem amor, sem mácula e empecilhos,

Faz rebentar à luz da Natureza,

Na terra, em torno, a vida de seus filhos.



Pende-lhe, em breve, o cacho, de ouro ou prata,

Dos frutos bons… Depois, a golpes brutos,

A bananeira cai em terra ingrata,

Pela desdita de ter dado frutos.



Sabino de Campos (1893 -?, Amargosa, BA, Brasil)

1 comentário:

João Pedro Ferreira disse...

Parabéns pelo sucesso com a bananeira, crescer um cacho desse tamanho não é fácil. Pena ser difícil encontrar bananeiras de qualidade à venda tipo "cavendish" e outras. Gostava de ter, visto produzirem por Lisboa.