Ao passar na rua do Arsenal, naquelas mercearias que têm o que a gente
imagina e o que não imagina deparei-me com um fruto à venda que me fez
literalmente parar: Era o fruto do imbondeiro (também se diz embondeiro,
ou baobá, mas prefiro esta grafia). Ando há anos a pedir sementes desta
árvore e agora tinha ali um fruto com 1,850 kg à minha disposição.
Ganhei coragem de o tentar semear cá quando o vi ser plantado no jardim
Garcia da Orta nos terrenos da expo. Ainda não o cortei, mas num futuro
post ponho a fotografia. Há árvores que marcam e esta foi uma delas,
começando no PRINCIPEZINHO de Antoine Saint-Exupéry, que me fez entre
coisas passar a adolescência à procura da minha raposa.
E nos cinco anos que estive em África, foi a árvore que mais me
impressionou. O imbomdeiro, Adansonia digitata, L., da família das
bombaceae, a mesma das ceibas. Esta planta tem dois tipos de folhas
conforme a idade. Justificação para que no princípio do século passado
fosse uma árvore considerada em vias de extinção e árvore fóssil por não
se conhecer este facto e não se verem exemplares jovens com as folhas
do exemplar adulto. Falta de comunicação também um pouco aqui. Em África
ouvi um nativo dizer, que o imbomdeiro só dava fruto quando mudava de
roupa. Pelas populações locais esta árvore é uma árvore protegida e
muitas vezes se lhe ligam sentimentos religiosos. Nalguns locais é tido
como um intermediário entre Deus e os homens. E percebe-se, pelo elevado
número de utilizações que as populações locais fazem dele. As crateras
que se abrem no interior do tronco, para além de poderem armazenar
água, servem muitas vezes de celeiros de cereais e até de sepulturas
As raízes algumas vezes são desenterradas para se tirar parte delas e
produzir um corante vermelho, que se usa para corar olaria, madeiras e
tecidos. Do entrecasco extraem-se fibras grosseiras que servem para a
confecção de cordas e tecidos grosseiros. A polpa dos frutos seca dá
origem a uma farinha de sabor agradável. A farinha é rica em vitaminas C
e do complexo B, de enorme valor nutricional e muito procurada como
remédio. Foi considerada um dos remédios mais eficazes contra a
disenteria e passou a ser conhecida na farmacopeia como Terra de Lemnos.
O ácido da polpa é utilizado como coagulante da borracha. Consomem-se
as sementes depois de torradas. As folhas são usadas em culinária depois
de cozidas em sopas e esparregados. Notas técnicas de :Fruticultura
tropical J. Mendes Ferrão, Ed. IICT
Famílias: bombaceae
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