terça-feira, 24 de maio de 2005

O imbondeiro


Ao passar na rua do Arsenal, naquelas mercearias que têm o que a gente imagina e o que não imagina deparei-me com um fruto à venda que me fez literalmente parar: Era o fruto do imbondeiro (também se diz embondeiro, ou baobá, mas prefiro esta grafia). Ando há anos a pedir sementes desta árvore e agora tinha ali um fruto com 1,850 kg à minha disposição. Ganhei coragem de o tentar semear cá quando o vi ser plantado no jardim Garcia da Orta nos terrenos da expo. Ainda não o cortei, mas num futuro post ponho a fotografia. Há árvores que marcam e esta foi uma delas, começando no PRINCIPEZINHO de Antoine Saint-Exupéry, que me fez entre coisas passar a adolescência à procura da minha raposa. MOCAMBIQUE - embondeiro 2_resize.jpg E nos cinco anos que estive em África, foi a árvore que mais me impressionou. O imbomdeiro, Adansonia digitata, L., da família das bombaceae, a mesma das ceibas. Esta planta tem dois tipos de folhas conforme a idade. Justificação para que no princípio do século passado fosse uma árvore considerada em vias de extinção e árvore fóssil por não se conhecer este facto e não se verem exemplares jovens com as folhas do exemplar adulto. Falta de comunicação também um pouco aqui. Em África ouvi um nativo dizer, que o imbomdeiro só dava fruto quando mudava de roupa. Pelas populações locais esta árvore é uma árvore protegida e muitas vezes se lhe ligam sentimentos religiosos. Nalguns locais é tido como um intermediário entre Deus e os homens. E percebe-se, pelo elevado número de utilizações que as populações locais fazem dele. As crateras que se abrem no interior do tronco, para além de poderem armazenar água, servem muitas vezes de celeiros de cereais e até de sepulturas As raízes algumas vezes são desenterradas para se tirar parte delas e produzir um corante vermelho, que se usa para corar olaria, madeiras e tecidos. Do entrecasco extraem-se fibras grosseiras que servem para a confecção de cordas e tecidos grosseiros. A polpa dos frutos seca dá origem a uma farinha de sabor agradável. A farinha é rica em vitaminas C e do complexo B, de enorme valor nutricional e muito procurada como remédio. Foi considerada um dos remédios mais eficazes contra a disenteria e passou a ser conhecida na farmacopeia como Terra de Lemnos. O ácido da polpa é utilizado como coagulante da borracha. Consomem-se as sementes depois de torradas. As folhas são usadas em culinária depois de cozidas em sopas e esparregados. Notas técnicas de :Fruticultura tropical – J. Mendes Ferrão, Ed. IICT

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