A cerejeira da Maria adiantou-se à Primavera, queria estar presente quando a árvore se encher de flores, queria receber os passarinhos que precisam dos seus braços para cantar.
As abelhinhas andavam numa azáfama a arrumar a casa, porque sabiam que a cerejeira da Maria estava a começar a rebentar e queriam fazer o melhor mel do ano.
As joaninhas também por lá andaram, a comer pequenos insectos para proteger as flores.
Um ratinho que morava no tronco do castanheiro comentou com a toupeira:
- Não faças buracos na terra junto das raízes da cerejeira, ela ainda é muito pequenina, temos que a tratar muito bem!...
Até o Tiago, nas suas arrumações, passou a respeitar aquele espaço, o espaço da mana, muito varrido, para receber as pétalas das flores.
A vizinha, ao ver todos aqueles cuidados, perguntou:
- Que se passa?
E logo apareceu a raposa, esperta, fina, um pouco metediça.
- Então não sabes?
Nasceu uma cerejeira!
- Uma cerejeira? – Perguntou o gaio.
E o melro que por ali andava repetiu: Uma cerejeira!...
- Boa novidade! Quer dizer que vamos ter cerejas!
A dona coruja ainda muito ensonada: é o que faz andar em noitadas… - atalhou logo: É uma “princesa da árvore de flores abertas” chama-se “Sakura”
O mocho muito senhor do seu nariz, com um ar muito doutoral, explicou:
Uma princesa desceu do céu e caiu sobre uma árvore que se cobriu de flores na Primavera a que os Japoneses chamam “Sakura” e que é o seu símbolo. Se guardarmos as flores conservadas em sal as pétalas transformam-se no chá, o “sakura-yu”, um chá muito especial que é servido em cerimónias como o casamento.
- Já cá faltava o doutor! Mas fique sabendo que eu também conhecia a “Sakura”, e já ouvi falar de “hanami” e piqueniques organizados na altura de contemplar as cerejeiras floridas.
Com a chegada da noite os animais foram indo para as suas casas, apenas ficaram por ali a coruja e o mocho, muito ocupados com as suas actividades nocturnas, e a cerejeira sentiu-se só e um pouco assustada com o grunhir do javali, mas olhou para o céu e logo se sentiu acompanhada por uma infinidade de estrelinhas muito brilhante. Uma delas tinha um brilho muito intenso e disse-lhe:
Com a chegada da noite os animais foram indo para as suas casas, apenas ficaram por ali a coruja e o mocho, muito ocupados com as suas actividades nocturnas, e a cerejeira sentiu-se só e um pouco assustada com o grunhir do javali, mas olhou para o céu e logo se sentiu acompanhada por uma infinidade de estrelinhas muito brilhante. Uma delas tinha um brilho muito intenso e disse-lhe:
Princesa não tenhas medo! Eu sou a tua estrela, também fui menino e estou aqui para te proteger, eu serei sempre a tua guia…
E assim foi. Todos os anos a cerejeira crescia, cobria-se de flores, de cerejas, de folhas verdes, que no Outono ficavam vermelhas e amarelas, no Inverno caíam, uma a uma, para ficar mais leve durante o soninho do Inverno.
E foi sempre assim até que um dia a Maria trepou à árvore para apanhar cerejas vermelhas, carnudas, brilhantes, sedutoras, encantatórias e ouviu uma voz que lhe disse:
- Faz uns brincos de princesa com as minhas cerejas, e a Maria assim fez
- Olá avô! Estou linda?
1 comentário:
Gostei da história.
Já tive uma cerejeira mas os pássaros só deixavam os caroços.
Enviar um comentário