
Ferreira Fernandes in Diário de Notícias
Amador ...que ou o que ama ...que ou quem se dedica a uma arte ou um ofício por gosto ou curiosidade, não profissional ...que ou aquele que ainda não domina a actividade a que se dedicou, revelando-se inábil, incompetente
Fiz um comentário no Dias com árvores em relação a uma planta do género Physalis. Dizia respeito à toxidade do fruto e fiz uma chamada de atenção. No post anterior foi a minha vez de ser chamado à atenção sobre o mesmo tema.
Se consultarmos a net sobre a toxidade de várias plantas, podemos não chegar a nenhuma conclusão lógica.
Creio que muitas vezes, por existir uma parte da planta que seja tóxica, toda a planta é assim considerada.
Um exemplo típico é o teixo (Taxus baccata), sempre pensei que o fruto era venenoso, até ver a descrição no site Plants for a future em que relatam que a parte gelatinosa do fruto é comestível e que só a semente é que é venenosa.
Em qualquer referência escrita se encontra que o fruto do teixo é venenoso. Mesmo na discussão que é promovida no final do artigo aparecem opiniões diversas que se devem ter em conta.
Mas em termos de toxidade, existem vários graus.
Assim numa pesquisa da Internet, encontrei um site, que tem uma classificação em termos de perigosidade das plantas, é o Centro de Venenos da Califórnia e coloca quatro classificações, a ver
1 - Toxidade máxima – Por ingestão - Pode provocar a morte ou uma doença graves
2 – Toxidade mínima – Por ingestão – Provoca distúrbios menos graves como diarreia e vómitos.
3 – Oxalatos – O sumo ou a resina destas plantas possuem cristais de oxalato. São cristais, em forma de agulha, muito finos que provocam mais danos físicos que químicos, dão origem a dores, da boca ao estômago
4 – Dermatoses – O sumo, a resina ou os espinhos, podem provocar irritações cutâneas.
Embora seja um site ligado a profissionais da saúde e a universidades, existem certas classificações no que respeita a plantas que não percebo.
O caso da Physalis é considerada de grau 1 e sem referir a espécie, nem que parte da planta. Refere só Chinese lantern,Physalis spp, 1.
Penso que a classificação tem a ver com princípio da precaução, que neste campo deve existir sempre.
Gostei também deste site , já que refere que parte da planta é tóxica
Devo voltar a este tema, mas para já a minha mea culpa de no post anterior não ter alertado para a toxidade, grau 2, excepto o fruto (à falta de melhor classificação).
Ao contrário do que se possa pensar do nome, Natal aparece porque este fruto é da província Sul-africana do Natal.
Conhecida na língua local por Amantugula, (Carissa macrocarpa A. DC. syn. C. grandiflora A. DC.), é um arbusto usado para sebes, devido aos picos. Os seus frutos são comestíveis, com um sabor e uma textura diferentes, devem ficar bem em compotas, por serem muito carnudos.
O exemplar da fotografia encontra-se no jardim Garcia de Orta, no Parque das Nações em Lisboa.
Dois anos atrás caíram-me dois frutos no bolso, claro que cheguei a casa e semeei as sementes, germinaram bem, ainda não deram flor (branca, bonita).
Chega a atingir 25 metros de altura e é de folha caduca, Em vaso tem o seu crescimento limitado, tive-a num vaso durante 3 anos e pouco cresceu, tinha menos de 1 metro de altura, quando a coloquei na terra cresceu 3 metros no primeiro ano e deve estar nos 6 metros agora. Deve florescer para o ano.
Em relação ao nome, que sugere erradamenteuma trepadeira, deriva do facto do fruto ser um pequeno cacho de uvas. Só que as bagas, ou seja as uvas propriamente ditas, não se comem, come-se sim o pedúnculo do fruto que é carnoso e quando bem maduro, antes é adstringente é saboroso, os brasileiros chamam-lhe também pauzinho doce.
A baga pode ser usada para fazer compotas. A planta é estudada actualmente em medicina.
Estava a ver que nunca mais chegava a esta parte. ..
Já aqui tinha falado da granadilha (Passiflora linguaris, Juss), a nova chamada tem a ver com o facto de finalmente ter desenvolvido fruto, ou seja, até aqui só dava flor, que caía, e nunca desenvolvia o fruto.
A novidade, pode ter diversas razões, o Outono quente, uma poda mais severa, ou ao desenvolvimento de outros maracujás perto dela.
Mas como dizia o meu avô:
Só podemos dizer que a colheita do trigo foi boa, quando estivermos a comer o pão
temos que esperar que o Inverno permita que os frutos vinguem.
A papaia, Carica papaya L., também conhecida por mamão, embora possa atingir 5 metros de altura, não é uma árvore é uma “erva gigante”, da ordem das Brassicales, a mesma ordem das nossas couves portuguesas.
O seu tronco é oco e a lenhificação do tronco só ocorre exteriormente numa camada fina da casca. Cresce muito rápidamente e tem uma vida curta.
Aproveita-se quase tudo desta planta, fruto sementes, folhas e raízes.
Um dos compostos mais utilizados extraídos desta planta é a papaina, que além de constar em muitos cremes de beleza é injectado em animais para abater, para amaciar a carne. Esta utilização, no modo artesanal, em Africa, consiste em enrolar a carne no frigorífico (quando o há) em folhas desta planta.
Se notarem nos tags, este post está incluído nos insucessos. Significa que nunca comi um fruto numa árvore plantada por mim.
A fotografia da papaieira que estão a ver é num terreno abandonado junto ao laboratório onde trabalho, um terreno antigo com os restos de obras que com a ajuda do jardineiro que leva para lá os corte de relva e caruma do pinheiro e o homem da máquina de café automática que vai deitando as borras de café, vai evoluindo em nutrientes.
Tem uma vantagem significativa, está virado a Sul e com os outros 4 pontos cardeais protegidos por um edifício de 4 pisos. Uma situação ideal para ter plantas tropicais. Este é um dos terrenos em que vou colocando os “restos” (excesso de plantas) do meu quintal.
As irmãs desta papaieira, na minha casa, apanharam uma espécie de fungo e perderam-se todas. Aqui vão com esta força, têm dois anos, já passaram um Inverno, o último que não foi muito frio.
Em tentativas anteriores a esta série, com as papaias, tem acontecido vários acidentes.
Metrológicos.
A geada pode queimar as folhas, se for muito persistente queima também o caule que é oco e a planta não tem recuperação.
O vento, se for muito forte, apanha o caule frágil e parte a árvore, como o caule é oco, dificilmente volta a rebentar.
Seca, em férias tempo quente e seco, principalmente no primeiro ano, pode secar a planta.
Outro tipo de acidente, existem a planta macho e a fêmea (em algumas espécies a folha da planta macho é mais rendilhada que a da fêmea). A planta que dá fruta é a planta fêmea, a macho só dá um cacho de flores.
Estive cinco anos em África e lá no quintal dos meus pais, várias vezes tentei plantar papaias, nasceram sempre e em grande número….sempre machos.
Entretanto a estrela das fotografias continua com flores e frutos vingados, falta a maturação, o que, nesta altura do ano, não acredito muito
A alteia, Althaea officinalis L., é uma planta que, embora espontânea em Portugal, tem a sua origem nas estepes asiáticas. Famosa nos mosteiros da Idade Média donde se evadiu para os campos, é citada e recomendada nos capitulares de Carlos Magno (779-789 DC).
Hoje ainda é bastante utilizada. Uma das suas propriedades mais citadas é a de acalmar a tosse. É incompatível com o álcool.
Em Portugal dá-se bem, chegando a secar no Inverno a parte aérea, mas voltando a rebentar na Primavera seguinte.
Da Europa foi exportada para os Estados Unidos, e é chamada: "planta dos Marshmallow".
O marshmallow é um doce que, tem um aspecto esponjoso e gelatinoso, actualmente muito popular entre as crianças, até em Portugal, entrando cá na classificação geral de gomas.
Hoje a base de fabrico é a gelatina, mas a receita clássica era feita com a seiva da raiz da alteia, em vez da gelatina.
Uma das especialidades, é as espetadas de marshmallow, em que se os espetam num pau e levam-se rapidamente ao lume provocando uma capa crocante.
Esta receita é outra que anda em lista de espera para ser feita e é no Outono que se devem apanhar as raízes.