sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Taioba


Tenho duas plantas da família das araceae, disseram-me que eram comestíveis, mas nenhuma delas é o inhame dos Açores (Colocasia esculenta(L.) Schott))

 



















Xanthosoma violaceum Schott  - direita
Alocasia macrorrhizos (L.) G.Don - esquerda

Encontrei este blog com este post que me me esclareceu as dúvidas, comestíveis mas muito bem cozidas



Postado por Guilherme Ranieri


sexta-feira, 27 de junho de 2014
Taiobas, a confusão: Guia Definitivo de Identificação 

A primeira vez que ouvi falar de taioba foi numa história meio trágica, meio cómica. A irmã de uma vizinha estava com a casa em obras, levantando um muro de arrumo no fundo da casa. Trabalhavam lá três pedreiros. O problema: a casa era no meio do nada, e no primeiro dia dos trabalhadores, não havia muita coisa para o almoço. E, obviamente, nenhum bar ou padaria por perto. O almoço saiu de improviso, talvez um frango caipira, feijão, farinha e uma verdura. Época de seca, não tinha nada na horta. Correu para a matinha lá perto, lembrava que a mãe colhia umas folhas verdonas que nasciam sozinhas perto do "corguinho"(curso de água pequeno). Era a taioba. Picou como se fosse couve, refogou e serviu.

Resultado: Todos cuspindo e babando, a língua inchando, uma pinicância absurda "tem veneno nessa bóia aqui, dona?".

A dona, coitada, lembrava da verdura de infância, que sua mãe fazia picadinha. Mas poxa, era tão parecida! O problema é: parecida não é idêntica. A taioba é uma plantinha traiçoeira, porque confunde-se com outras espécies do mesmo gênero, não comestíveis.

Nunca ouviu falar? A taioba é uma hortaliça que está voltando a ser consumida e cultivada nas hortas. Bem lentamente, verdade. Mas pergunte por aí - certamente alguém já ouviu falar ou já comeu, ou conhece alguém que já comeu. É consumida igual a couve, refogada, ou em outras inúmeras receitas, como molhos verdes, pastéis, bolinhos e suflês.

É uma planta que gosta de ambientes sombreados e húmidos, como terrenos abandonados, próximo a muros ou ainda perto de córregos(
lugares em que a água é corrente, e não parada.). Por isso, observe se a área não é contaminada, porque um ambiente contaminado resultará em folhas contaminadas. Também evite colher as folhas de locais com muito sol - elas se defendem do sol fabricando "defesas" que deixam a folha com um teor maior de substâncias tóxicas. Prefira sempre as plantas que crescem com folhas grandes em ambientes sombreados.

Para fazer mudas, você pode remover os brotos laterais que as plantas mais velhas soltam, replantando-os. Inicialmente as folhas são pequenas, mas em solos férteis e bem irrigados elas podem ficar enormes. E, se você mora em locais cujo inverno é muito seco, pode ser que elas hibernem e fiquem sem as folhas até a volta das próximas chuvas.

Fato: é fácil identificar a taioba?

Existem diversas plantas, da família das Araceas, muito parecidas com a Taioba. Contudo, poucas possuem as folhas comestíveis após cozimento. Das comestíveis, estão inclusas no gênero Xanthosoma: Xanthosoma sagittifolium (conhecida como Taioba) e Xanthosoma mafaffa (chamada de Mangarito).

Porém, há muitas espécies que as folhas, ricas em ácido oxalico e outras substâncias, são tóxicas e causam irritação na boca. Essas espécies possuem tantos cristais de oxalato que, mesmo cozidas, seu consumo não é seguro. Elas estão principalmente no gênero Xanthosoma, Alocasia e Colocasia.

Vamos ao teste: quais das plantas abaixo é a Taioba?

1
 
2
 
3

4

5
 
Antes de eu dar a resposta, fiz um pequeno e simples infográfico explicando como identificar. 

(Clique na imagem para ampliar)


Tente voltar e descobrir qual é. 

Já dou a resposta. A taioba verdadeira é a Imagem 4. Das demais: Imagem 1 - taioba roxa, da qual se come o rizoma. Alguns autores citam o consumo das folhas, mas é preciso cozinhar demais e muita gente passa mal com elas. Imagem dois corresponde ao inhame, do qual se comem o rizoma, sempre cozido e nunca cru. A terceira foto é o singônio, uma planta que, apesar de ter todas as características de uma folha de taioba, é uma planta trepadeira e muito venenosa. A última foto é a Xanthosoma albomarginata, uma parente da taioba, de folhas com manchar brancas, unicamente ornamental.

(Taioba Verdadeira. Clique para ampliar)



(Falsa Taioba/ Taro ou Inhame)
Há ainda espécies do gênero Alocasia, que são parecidas com a Taioba. Mas a diferença é fácil. As folhas da Alocasia apontam para cima. As da Taioba, para baixo. Mais informações sobre as raízes comestíveis do gênero Alocasia, ou inhame gigante, aqui, em inglês.
Essa é a Alocasia macrorrhiza. Parece com a taioba,
mas as folhas apontam para cima. Come-se o rizoma,
idêntico ao inhame, muito bem cozido.
Acho que agora dá pra consumir com mais segurança, certo? Se não tiver certeza, não consuma. Nem sirva pras visitas. Melhor ficar na dúvida, certo?

Taioba, modo de preparo:
  1. Ferva água, adicione as folhas picadas ou inteiras.
  2. Aguarde uns segundos e remova as folhas.
  3. Descarte a água.
  4. A Taioba está pronta para ser consumida.
Caso vá consumir os talos, cozinhe por 3 minutos e escorra. O calor inativa substâncias tóxicas, e os cristais de oxalato ficam na água.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

José Ortega e Gasset (1883-1955)

Eu, sou eu e a minha circunstância


 Yo soy yo y mi circunstancia …

Meditaciones del Quijote, publicado em 1914.

domingo, 16 de dezembro de 2018

Louva a Deus

Estamos no Inverno, caem as folhas verdes e a louva a Deus (Mantis religiosa) muda de roupagem para passar o Inverno despercebida nas suas caçadas.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Lição sobre a água


Este líquido é água.

Quando pura
é inodora, insípida e incolor.

Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais

Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.

António Gedeão

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Sansevieria concinna

Uma agradável surpresa, no Inverno como planta de interior. 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Poema das árvores



As árvores crescem sós. E a sós florescem.


Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.

Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.

As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.

Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores.

António Gedeão