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A minha primeira viagem à Zona.
Os
pomares estavam em flor, a erva nova brilhava alegremente ao sol. Os pássaros
cantavam. Um mundo tão familiar… familiar… Primeiro pensamento: tudo está no
seu lugar e tudo é como dantes. A mesma terra, a mesma água, as mesmas árvores.
E a sua forma, a sua cor e o seu cheiro são eternos, ninguém é capaz de mudar
aqui seja o que for. No entanto, já no primeiro dia me foi explicado: não se
pode apanhar flores, é melhor não se sentar no chão, não beba água da nascente.
Ao entardecer, vi os pastores a tentarem encaminhar o rebanho cansado para o
rio, mas as vacas voltavam para trás, mal se abeiravam.[…]
O
homem foi apanhado de surpresa, ainda não estava preparado. Não estava
preparado enquanto espécie biológica, uma vez que não funcionava todo o seu
instrumento natural definido para ver, ouvir, tocar.[…]
Surgiu-nos
outro inimigo…Inimigos… a erva recém-ceifada matava. O peixe e a caça
capturados, uma maçã…
Vozes
de Chernobyl, Svetlana Alexievich, Editora Elsinore, 2ª edição
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