A camarinha, já aqui
falada, (Corema album (L.) Don) em língua inglesa crowberry,
que numa tradução livre, significa a baga do corvo, sendo um
endismo (só existe aqui) da península Ibérica reforçam como The portuguese crowberry, a baga do
corvo português.
A discussão sobre a comercialização deste pequeno fruto
começou, e a proposta de um nome com maior impacto no marketing já foi sugerido,
Beachberry (1), a baga da praia.
O interesse pela sua composição já chegou aos meios científicos, em termos genéricos tem a mesma
composição que os frutos vermelhos mas em menor percentagem da maioria dos
constituintes (2).
Realce para os anti oxidantes que no modelo de protecção da
doença de Parkinson, tem um efeito superior ao Ginkgo biloba (3).
Mas o mais importante é que elas aí estão, prontas para
qualquer dia serem apanhadas.
Reza a lenda que as camarinhas vêm das lágrimas da Rainha Santa Isabel.
D Dinis foi sem dúvida um bom rei, um lendário poeta, no entanto, como marido apesar de bondoso, não era muito dado a fidelidade, algo que fazia sofrer muito a Rainha D. Isabel.
Nos Paços, onde tudo se sabia, cedo chegou-lhe aos ouvidos mais um caso amoroso do Rei inconstante. Roída pelos ciúmes a Rainha pôs-se a cavalo para tentar encontrar o marido. Ao chegar perto de um rochedo entre o Pinha e o mar, lá encontrou o Rei com sua nova amada. De coração destroçado, os belos olhos da Rainha encheram-se lágrimas e chorou tanto que cobriu toda a vegetação ao redor de pequenas gotas.
E assim nasceu a Lenda das Camarinhas, no final do verão aqueles pequenos arbustos cobrem-se de pequenos bagos brancos e agridoce em homenagem as lágrimas da Rainha Santa.
(Em alguns locais de Portugal dá-se o nome de camarinha ao granizo)
Lenda das Camarinhas (autor desconhecido)
Dizem que Santa Isabel
Rainha de Portugal
Montando branco corcel
Percorria o seu pinhal!
-“Ai do meu Esposo! Dizei!
Dizei-me, robles reais!
Meu Dinis! Senhor meu Rei!
Em que braços suspirais?!...
Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos
– não sei!...
E o pranto da Rainha
Nas suas faces rolava,
Regando a erva daninha
No pobre chão que pisava!
– “ ó meu Pinhal sonhador
Que o meu Rei semeou!
Dizei-me do meu Amor
E se por aqui passou...”
Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos:
– Não sei !..
Mas cristalizou-se o pranto
Em muitas bagas branquinhas
E transformou-se num manto
De brilhantes camarinhas!...
Eis que repara a Rainha
Numa casa iluminada...
– “ Quem vela nesta casinha
Numa hora adiantada ?!...”
Os robles silenciosos
Tão tristes que nem eu sei,
Responderam receosos:
– O Rei!...
(1) P. b. Oliveira and Adam Dale, Jounal
of Berry Research 2 (2012) 123-133
(2) A. J. Léon –González et al, Journal
os Food composition and Analysis 29 (2013) 58-63
(3)
Macedo DLC, Master Thesis, Universidade de
Lisboa, 2010