Foto atual da região
abandonada em torno da Usina de Chernobyl, na "cidade-fantasma" de
Prypiat Fonte da imagem: Reprodução/Totally Cool Pix
Tenho
uma certa apetência de descobrir os prémios Nobel da Literatura, essencialmente
quando os desconheço na totalidade e são apresentados com um novo estilo de
escrita.
Foi
o que aconteceu com o Nobel do ano passado, Svtetlana Alexievich, ucraniana,
jornalista.
As
vozes do contra disseram que o Nobel não devia ser entregue a um jornalista e
que escreve como um jornalista.
Estou
a ler “Vozes de Chernobyl”,[…] testemunhos resultantes de mais de 500 entrevistas
realizadas pela autora[…], e na descrição do livro […]Svetlana Alexievich dá
voz a centenas de pessoas que viveram a tragédia: desde cidadãos comuns,
bombeiros, médicos, que sentiram na pele as violentas consequências do desastre
[…]
O
livro tem para mim um estilo novo, realmente são entrevista, mas não está lá o
entrevistador, só lá estão as vozes, as vozes trabalhadas pela escritora, mas
no livro só se lê o que as vozes dizem.
Isto
vem a propósito, sem esquecer o sofrimento e toda a estrutura social destruída
com o desastre, de evidenciar que a Natureza está a dar uma lição ao homem em Chernobyl.
Algo que tenho tentado acompanhar e me lembra a expressão “Um Aprendiz na Terra
dos Espantos”
Segundo
os dados, em termos de vida animal selvagem e vegetação, dados provenientes de
filmagens com drones, nos 10 primeiros
anos houve um decréscimo muito acentuado na biodiversidade vegetal e animal.
A
partir dos 10 anos começou-se a construir uma hipótese que hoje já é aceite de
uma evolução no número de espécies presentes nas zonas afetadas pelo desastre
nuclear.
Hoje,
quase 30 passados (acidente a 26 d Abril de 1986), os estudos demonstram que (embora
as espécies com um tempo de vida médio mais baixo), existe nas zonas do
acidente maior biodiversidade que antes do desastre.
É a resiliência da Natureza a
ensinar-nos.
Num dos artigos que encontrei sobre
este tema, acaba assim:
“[…]the removal of humans alleviates
one of the more persistent and ever growing stresses experienced by natural ecosystems[…]”
(Tradução livre: A remoção dos
humanos aliviou um dos mais persistentes e nunca experimentado factor de
stresse dos ecossistemas naturais)
Fontes
(Long-term census data reveal abundant wildlife populations at Chernobyl,T.G. Deryabina, et al, Volume 25, Issue 19, pR824–R826, 5 October 2015)
First derivation of
predicted-no-effect values for freshwater and terrestrial ecosystems exposed to
radioactive substances. Garnier-Laplace, et al, Environ. Sci. Tech. 2006; 40: 6498–6505
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