sábado, 10 de junho de 2006

O jardim

...Entre dizer o que vamos fazer e a apresentação do que foi feito medeia assim um espaço de desiderata – saúde, dinheiro e amor, eis um rol de grau primeiro, bem naturalista, próprio de mentes egotistas. Porém a cidade-jardim, que não precisa de ser a Jerusalém celeste, basta ser a republica de Morus, exige uma constituição, dotada de leis eficazes, justas e muito poucas, que ponham os bens ao serviço de todos.

Jardinar para o bem comum é o segundo degrau do projecto, e neste damos prémio ao que mais se esforçar para garantir a nossa felicidade. É preciso proteger os jardins, são a natureza que resta. Precisamos de proteger as fontes de regeneração da vida, com as espécies que elegemos para viver connosco, nos mares que lavramos, nos rios que cultivamos, nos campos que sulcamos, nos bosques e matas que vamos florestando e desbastando.

O que existe na Terra de bon sauvage habita as páginas de Rousseau, as ilhas Mascarenhas de “Paul et Virginie” e a floresta de Tarzan. Já todas as ilhas desertas e misteriosas foram conquistadas pelos náufragos e meninos marotos dos livros de histórias. Só temos o jardim – o território modificado pelo Homem - como futuro verde, precisamos dele para a sobrevivência.

É urgente que saiam leis a proibir que se construam bancos, hotéis ou empresas de transporte nos jardins. É urgente estudar os jardins como expressões da ciência e arte de cada época, para sabermos como protegê-los e como criar os do nosso tempo...
Maria Estela Guedes

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