Era uma cidade com aromas de viajem, Aquela onde um dia fui criança, Esta noite estrangularam outra árvore habituada A ver-me passar, e ninguém se importou com o assunto. E eu que varri muitas folhas derramadas dessa farta cabeleira num Outono já distante estremeci com o ruído seco do velho choupo a morrer. Aconselharam-me a ficar calado:Não há tempo para escutar canções de melros entre ramagens. Mas sou teimoso!Ridículo é aceitar que o alcatrão vença e os anestesiados se dirijam cada vez mais velozes para a sua verdade infeliz! Então peguei no meu caderno de emoções e escrevi com uma lágrima de raiva: Quando a cidade não ama As suas árvores, que medalha deverá um Poeta pôr no peito dos que a governam? Luís Filipe Maçarico, in "A Essência"
Amador ...que ou o que ama ...que ou quem se dedica a uma arte ou um ofício por gosto ou curiosidade, não profissional ...que ou aquele que ainda não domina a actividade a que se dedicou, revelando-se inábil, incompetente
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Requiem por um choupo
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Aranhas e cheias
Na zona não há lembrança de ter tal ter acontecido.
O número de mosquitos decresceu bastante e o risco da malária também.
O facto de não haver memória viva (apx 75 anos) ou memória escrita (apx 5000 anos) não é nada comparado com a idade da terra, a questão é cada vez mais surgirem fenómenos extremos
O que não consigo escrever nem dizer
quinta-feira, 19 de maio de 2011
A cerejeira
Com a chegada da noite os animais foram indo para as suas casas, apenas ficaram por ali a coruja e o mocho, muito ocupados com as suas actividades nocturnas, e a cerejeira sentiu-se só e um pouco assustada com o grunhir do javali, mas olhou para o céu e logo se sentiu acompanhada por uma infinidade de estrelinhas muito brilhante. Uma delas tinha um brilho muito intenso e disse-lhe:
terça-feira, 17 de maio de 2011
José Saramago
o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa,
privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E
finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os
Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas
privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação
do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a
todos.»
José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148
e Obrigado
terça-feira, 10 de maio de 2011
Mangueiras em flor
Este ano está com muitos cachos de flores. Os frutos,embora cedo para acalantar esperanças, se começarem a vingar muito tenho que começar a podá-los, a árvore terá ainda 2 metros.
Este ano as árvores tropicais com esta humidade toda estão a gostar.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Na Gulbenkian, amanhã
Viriato Soromenho-Marques, responsável pelo programa Gulbenkian Ambiente, falará sobre a primeira obra:
Walden ou A Vida nos Bosques,
no dia 6 de Maio, às 18h, no Auditório 3 da Fundação. Os comentários estarão a cargo de Isabel Capeloa Gil.
defrontar-me apenas com os factos essenciais da vida,
e ver se podia aprender o que ela tinha a ensinar-me, em vez
de descobrir à hora da morte que não tinha vivido.
Walden; ou, A Vida nos Bosques (1854) é Henry David Thoreau
segunda-feira, 2 de maio de 2011
As cerejas bem vindas
domingo, 1 de maio de 2011
Eclesiástico
o homem sensato não os desprezará.
Antigo Testamento, Ecli 38:4, (sec. II AC)
Bíblia; 19ªedição dos Capuchinhos
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Azereiro
Esta árvore (ou arbusto?), Prunus lusitanica L. subsp. lusitanica., encontra-se na lista vermelha da IUCN , sendo considerada em perigo de extinção. Poucos se vêm em Portugal, embora seja uma árvore nativa, aparecendo muito menos do que merece em jardins e em parques. Também espalha o nome de Portugal por este mundo fora, em francês, Laurier du Portugal, em inglês, Portugal laurel.
A associação ao nome de louro, penso que tem a ver com a folhagem persistente e o tipo de brilho semelhante ao do loureiro. Pouco conhecida em Portugal, pouco se vê nos viveiristas mas usada como ornamental pelo mundo fora.
Antigamente era usada como cavalo para o enxerto de garfo em espécies do género prunus. O fruto é considerado comestível, mas só quando está completamente maduro. É muito apreciada pelos pássaros. Embora as suas congéneres do género prunus sejam de folha caduca esta espécie é de folha persistente. Tem um parente próximo que também se encontra na Red list da IUCN, o azereiro dos Açores, Prunus lusitanica L. subsp. azorica (Mouillef.)
Este é um aproveitamento dum post de um blog meu antigo, fui consultar a edição da Red list de 2010 e já não encontro referência ao azereiro.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Sepentárea
Encontrei um site que relata o uso dos bolbos, na sua zona de origem, na alimentação, mas que seria necessário fervê-los durante um tempo considerável para libertar as toxinas ( amodos como o inhame nos Açores).
domingo, 24 de abril de 2011
Ka’a He’e ou como uma planta pode começar uma guerra
A Ka’a He’e, que significa folha doce no dialecto guarani, povo originário da zona da América do Sul entre o Brasil, Paraguai e Bolívia.
No Ocidente a primeira referência vem de Petrus Jacobus Stevus (Pedro Jaime Esteve), físico e botânico espanhol, a latinização do seu nome deu origem a stevia (Stevia Rebaudiana Bert.), Desde estes primeiros contactos que esta planta é referenciada como adoçante.
A história como tantas outras começa a ter o seu quê de caricato.
Em 1899 um botânico suíço, Moisés Santiago Bertoni, durante uma expedição ao Paraguai, descreveu em detalhe o sabor a utilização da planta
A partir dos anos 60 do século passado, pretendeu-se utilizá-la como adoçante alternativo ao açúcar extraído da cana. São referenciados vários valores em termos da potência adoçante relativamente ao açúcar, desde 30 a 45 considerando a folha fresca, que é utilizada individualmente ou nos chás e comidas.
250 a 300 vezes considerando só um dos compostos, a stevioside (Steviol glycoside, ou esteviosídeo em brasileiro), descoberta por purificação do extracto seco em 1931 por dois químicos franceses. Esta substância é estável perante o calor da confecção dos alimentos, tem um PH estável e não fermenta.
Em 1971 uma empresa japonesa Morita Kagaku Kogyo Co. Ltd, começou a produzir um adoçante de nome stevia, que passou a ser utilizado em produtos alimentares, bebidas e como substituto do açúcar de cana à mesa. Neste momento 40% do açúcar utilizado no Japão tem esta origem. Uma das razões deste sucesso foram estudos realizados no Japão que demonstram que este adoçante natural é bem tolerado pelos diabéticos, não produzindo efeitos secundários .
Na Europa, a últimas directiva (2000/196/EC) referente a esta planta, baseado num - Opinion on STEVIOSIDE AS A SWEETENER (CS/ADD/EDUL/167 final 17 June 1999) diz que é recusado a autorização de entrada no mercado da planta ou de qualquer extracto dela proveniente.
Este estudo conclui que o esteviosídeo pode apresentar problemas para a saúde humana nomeadamente problemas cancerígenos e na fertilidade masculina. A tese é baseada em estudos de várias universidades. Note-se que as doses utilizadas em animais chegam a ser de 2500 mg/kg por dia, (embora comecem com 10 mg/kg/dia).
Em contas rápidas:
2500mg=2,5g
Uma pessoa com 50 Kg, teria que tomar durante 30 dias seguidos
2,5x50=125g
Um pacote de açúcar tem o peso médio de 7g.
125g/7=18 pacotes
O estudo reconhece que o poder adoçante é 250 a 300 vezes o da sacarose
18x300= 5400 pacotes
A conclusão é que referência do estudo chega a um caso limite em que se estão a dar o equivalente a 5400 pacotes de açúcar por dia a uma pessoa de 50kg, no caso eram ratos de laboratório (tipo F344).
Os ratos machos desenvolveram tumores nos testículos. Notam também que com um terço da dose não foram detectadas anomalias.
Sobre o consumo ao natural existe outro estudo da comunidade Europeia - Opinion on Stevia Rebaudiana Bertoni plants and leaves (CS/NF/STEV/3 Final 17 June 1999). Neste caso dizem que não havendo estudos que provem a segurança do consumo em fresco da planta esta não é permitida no espaço Europeu, entretanto a França conseguiu uma autorização especial para a sua cultura de modo a estabelecer parâmetro s de cultivo (patentear uma variedade?).
Nos Estados Unidos da América foi proibida, sendo permitida à pouco tempo só como suplemento alimentar.
O aspartame é um adoçante artificial criado em laboratório e descoberto por acaso por um químico da empresa G.D. Searle em 1965. A Monsanto comprou a G.D.Searle em 1985. A produção está assim garantida sob o escudo da patente.
Dizem as más-línguas que uma planta, que não pode ser patenteada, com estas características poderia causar algum dano na indústria deste produto.
A Coca-Cola com uma experiência feita no Japão está a tentar introduzzir este composto na confecção da suas bebidas.
A stevia na minha varanda deu-se bem com este Inverno, e está a florir agora, e embora, sob o risco de cometer uma ilegalidade, este post foi escrito mastigando umas folhas.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Nepeta?
O cheiro agradou-me a floração também, comprei-a como sendo Nepeta nepetella, L.
Comecei a comparar e quase que parece o Marroio-negro, Ballota nigra. Seca no Inverno e volta a rebentar na Primavera, na mesma toiça, não se propaga como as hortelãs.
Alguém me ajuda?
Procurando melhor, deve ser : Calamintha nepeta (L.) Savi, ssp nepeta
Nomes Vulgares: Nêveda, calaminta ou erva-das-azeitonas; erva gaiteira, erva-dos-gatos;
sexta-feira, 8 de abril de 2011
A construcção do silêncio
- […] É aquele o momento em que o silêncio se constrói na intimidade do ouvido, num fervilhar de rumores, num súbito crocitar, num trilo, num murmúrio velocíssimo entre as ervas, num estalido na água, num pequeno e miúdo caminhar entre as pedras e a terra e, sobre tudo isto, no canto seco da cigarra. E os rumores misturam-se e casam-se uns com os outros e o ouvido consegue distinguir sempre ruídos novos e diferentes entre o amálgama dos antigos, como os dedos que, desfazendo uma flor, encontram em cada estame não uma unidade, mas uma teia intricada de fios sempre mais subtis e impalpáveis do que os anteriores.
- E entretanto as rãs, que continuam com o seu coaxar a servir de fundo a todos os rumores, sem que se transmute o fluxo dos sons, da mesma maneira que para o amigo fiel das estrelas continua sempre igual o brilho dos astros. Agora porém, a cada despontar e correr do vento, todos os rumores mudavam e se faziam diferentes e novos. Somente no recanto mais e íntimo do ouvido continuava aquela sombra de mugido rouco ou de murmúrio: era a voz do mar. […].
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Verdade ou mentira?
Debate com Eduardo Lourenço, Almeida Faria, Aida Gomes, Fernando Pinto do Amaral , Maria Teresa do Amaral e Ricardo Ménendez Salmon ( que diz que a luz é mais antiga que o amor).
Hoje, ás 17h na Antena 1 ou RTP_N, inscrito na primeira sessão de debates do programa "Correntes de escrita".