Ferreira Fernandes in Diário de Notícias
Amador ...que ou o que ama ...que ou quem se dedica a uma arte ou um ofício por gosto ou curiosidade, não profissional ...que ou aquele que ainda não domina a actividade a que se dedicou, revelando-se inábil, incompetente
sábado, 29 de dezembro de 2007
Ser provinciano (!?)
Ferreira Fernandes in Diário de Notícias
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Abacate (1)
Em termos de classificação, além do Persea americana, se não se sabe a origem, é complicado, senão vejamos:
Existem três variedades nativas:
- Antilhana
- Mexicana
- Guatemaleca.
Dentro de cada variedade existem cultivares próprios de cada uma.
Existe um quarto grupo de híbridos, sendo os mais comuns, Guatemaleca x Antilhana ou Guatemaleca x Mexicana.
E dentro destas mais uma série de variedades.
A variedade da fotografia fica à espera de melhor classificação, o fruto tem um tamanho normal, se a carga for muito grande, dá frutos mais pequenos. Casca dura, de cor roxa escura quando madura e rugosa, com pequenas “verrugas” salientes.
A história deste fruto, tem origem no facto do autor deste blog ter ido a correr para apanhar um comboio em França e tê-lo… perdido.
Meia hora à espera do próximo, era muito tempo.
Havia um mercado do outro lado da estação, onde comprei 3 frutos ainda verdes, porque não os conhecia com estas “verrugas”. Amadureceram já em Portugal e um deles deu origem a esta árvore.
O problema da frutificação do abacateiro tem a ver com o tipo de flores que ele produz, não é o caso das flores femininas e masculinas, mas um pouco mais complicado.
Produz dois tipos de flores
Tipo A – A parte feminina está activa de manhã e inactiva de tarde e na manhã do dia seguinte funciona como flor masculina
Tipo B – A parte feminina está inactiva de manhã, activa da parte da tarde e funciona como masculina de manhã do dia seguinte.
Ou seja para existir frutificação deve haver no mínimo duas espécies, uma que produza flores do tipo A e outra que produza flores do tipo B.
Existe uma nota sobre este tipo de floração que não consegui ainda um esclarecimento total, diz ele “ Este ciclo floral mantém-se regular entre condições de temperatura admissíveis para a maior parte das condições da cultura dos abacateiros”.
Isto tudo para dizer que esta árvore deu frutos sozinha, sem eu conhecer nenhum abacateiro à volta (o que não quer dizer que não existisse algum escondido). Daí a minha dúvida sobre o “ciclo floral”.
O Abacateiro em Portugal, e a sua floração, reagem mais à humidade que ao calor, começam a florescer nesta altura e o fruto demora cerca de um ano a formar. Normalmente após a apanha dos frutos se o tempo se apresentar húmido e com uma temperatura mínima acima dos 10º aparecem as flores.
O facto de as flores aparecerem a temperaturas tão baixas leva-me à questão da frase que citei. Se devido ao frio, não irão eles e elas juntarem-se para aquecer.
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Sempre a água
Habito onde as suas bicas,
As bocas jorram.
As palavras que no cântaro
A noite recolhe e bebe
Com agrado
Sabem a terra por serem minhas.
Não sou daqui e não vos devo
Nada, ninguém
Poderá negar a evidência
De ser chama ou água,
Fluir em lugar de ser pedra.
Perdoai-me a transparência.
Eugéniode Andrade in Sal da Língua precedido de trinta poemas
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Flores de Inverno
O género mahonia é originário dos Himalaias Ásia oriental e no Norte da América, os frutos são azuis acinzentados e são comestíveis com um sabor a lembrar o mirtilo, mas menos ácidos quando bem maduros.
Existe um composto, berberin, existente nas raízes deste arbusto que tem aplicações medicinais
O nome Mahonia foi originalmente dado por Thomas Nuttall depois de um refugiado político irlandês, Bernard M'Mahon que foi trabalhar para os E.U.A e abriu a primeira loja de sementes em Filadélfia e publicou o primeiro 'American Gardener's Calendar' em 1806.
Mahonia x media 'Charity' é um híbrido entre a M. japonica e a M. lomariifolia. O cultivar 'Charity' foi desenvolvido pelos viveiros de Slieve Donard no Norte da Irlanda por volta de 1950. É o exemplar mais comercial e o que mais tenho visto à venda em Portugal.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Ainda o aquecimento, agora a sério
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Carambola
A árvore tem 2 anos em vaso e 3 anos em terra. Não é de folha caduca, mas no Inverno caiu sempre a folha e o frio queimava os rebentos mais novos. Já floriu nos dois últimos anos, mas é a primeira vez que o fruto vinga.
É a fruta das saladas de fruta cortada em fatias transversalmente faz uma estrela de cinco pontas e daí o seu nome em inglês de star fruit.
A cor do fruto quando maduro é amarelo. Existem várias variedades, mas essencialmente o que me interessa é saber se é ácida ou doce... ou pelo menos prová-la.
Em medicina popular, principalmente nos países de clima tropical, o chá das suas folhas é recomendado para várias doenças, mas pode causar graves problemas a quem sofra de problemas renais
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Eau de plage
Decompondo-se à medida que é libertado fornece partículas em torno das quais as nuvens se condensam. Uma vez que as nuvens reflectem os raios solares da Terra, o DMS, afecta também a temperatura do planeta.
A. R. Williams in National Geographic
Meio a brincar, meio a sério: No protocolo de Quioto ainda não há quotas para o DMS, aproveitem
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Salva ananás
A salvia ananás (Salvia elegans Vahl.) encontra-se em segundo plano na fotografia de cima, (em primeiro plano, desfocado a salva mexicana )
O nome vem do facto que as flores e as folhas emanam um cheiro a ananás.
Esta espécie é utilizada em chás e as flores usadas em saladas de fruta.
As flores mantêm-se até tarde e é um pequeno arbusto bastante resistente. Convêm ir podando para não ficar muito esgalhado.
domingo, 2 de dezembro de 2007
Plantas tóxicas
Fiz um comentário no Dias com árvores em relação a uma planta do género Physalis. Dizia respeito à toxidade do fruto e fiz uma chamada de atenção. No post anterior foi a minha vez de ser chamado à atenção sobre o mesmo tema.
Se consultarmos a net sobre a toxidade de várias plantas, podemos não chegar a nenhuma conclusão lógica.
Creio que muitas vezes, por existir uma parte da planta que seja tóxica, toda a planta é assim considerada.
Um exemplo típico é o teixo (Taxus baccata), sempre pensei que o fruto era venenoso, até ver a descrição no site Plants for a future em que relatam que a parte gelatinosa do fruto é comestível e que só a semente é que é venenosa.
Em qualquer referência escrita se encontra que o fruto do teixo é venenoso. Mesmo na discussão que é promovida no final do artigo aparecem opiniões diversas que se devem ter em conta.
Mas em termos de toxidade, existem vários graus.
Assim numa pesquisa da Internet, encontrei um site, que tem uma classificação em termos de perigosidade das plantas, é o Centro de Venenos da Califórnia e coloca quatro classificações, a ver
1 - Toxidade máxima – Por ingestão - Pode provocar a morte ou uma doença graves
2 – Toxidade mínima – Por ingestão – Provoca distúrbios menos graves como diarreia e vómitos.
3 – Oxalatos – O sumo ou a resina destas plantas possuem cristais de oxalato. São cristais, em forma de agulha, muito finos que provocam mais danos físicos que químicos, dão origem a dores, da boca ao estômago
4 – Dermatoses – O sumo, a resina ou os espinhos, podem provocar irritações cutâneas.
Embora seja um site ligado a profissionais da saúde e a universidades, existem certas classificações no que respeita a plantas que não percebo.
O caso da Physalis é considerada de grau 1 e sem referir a espécie, nem que parte da planta. Refere só Chinese lantern,Physalis spp, 1.
Penso que a classificação tem a ver com princípio da precaução, que neste campo deve existir sempre.
Gostei também deste site , já que refere que parte da planta é tóxica
Devo voltar a este tema, mas para já a minha mea culpa de no post anterior não ter alertado para a toxidade, grau 2, excepto o fruto (à falta de melhor classificação).
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
Ameixa do Natal
Ao contrário do que se possa pensar do nome, Natal aparece porque este fruto é da província Sul-africana do Natal.
Conhecida na língua local por Amantugula, (Carissa macrocarpa A. DC. syn. C. grandiflora A. DC.), é um arbusto usado para sebes, devido aos picos. Os seus frutos são comestíveis, com um sabor e uma textura diferentes, devem ficar bem em compotas, por serem muito carnudos.
O exemplar da fotografia encontra-se no jardim Garcia de Orta, no Parque das Nações em Lisboa.
Dois anos atrás caíram-me dois frutos no bolso, claro que cheguei a casa e semeei as sementes, germinaram bem, ainda não deram flor (branca, bonita).
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Uva japonesa
Chega a atingir 25 metros de altura e é de folha caduca, Em vaso tem o seu crescimento limitado, tive-a num vaso durante 3 anos e pouco cresceu, tinha menos de 1 metro de altura, quando a coloquei na terra cresceu 3 metros no primeiro ano e deve estar nos 6 metros agora. Deve florescer para o ano.
Em relação ao nome, que sugere erradamenteuma trepadeira, deriva do facto do fruto ser um pequeno cacho de uvas. Só que as bagas, ou seja as uvas propriamente ditas, não se comem, come-se sim o pedúnculo do fruto que é carnoso e quando bem maduro, antes é adstringente é saboroso, os brasileiros chamam-lhe também pauzinho doce.
A baga pode ser usada para fazer compotas. A planta é estudada actualmente em medicina.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Alves Redol
- És tu sol? - gritou a Sementinha com tamanha força que ficou rouca.
- Sou, sim, minha amiguinha! Vem depressa, anda!...
A Sementinha perdeu a cabeça com o entusiasmo de se ver libertada. E subiu mais, num esforço sem olhar a canseiras. Cada vez mais e sempre mais, pensando com alegria: “É agora! É agora, sim, tenho a certeza!”
Mal passou a última porta do palácio onde a Terra-Feiticeira a prendera, a nossa amiga ficou tonta com a luz e as cores do campo. E chorou a alegria enorme de se ver em liberdade. […]
domingo, 25 de novembro de 2007
Romã
Pseudo-baga do tipo balaústia (fruto sincárpico e com os carpelos dispostos em dois ou mais andares e compartimentados interiormente por meio de delgados tabiques) com 2-12 cm de comprimento terminando pelo cálice persistente, pericarpo espesso, coriáceo, acastanhado ou avermelhado na altura da maturação rasgando-se quando o fruto amadurece por pressão interna, internamente dividida em compartimentos irregulares divididos por películas espessas, coriáceas, amareladas encerrando sementes envolvidas num arilo avermelhado, comprimidas umas contra as outras. O arilo pode ser consumido em natureza...
Estava a ver que nunca mais chegava a esta parte. ..
sábado, 24 de novembro de 2007
Maracujá inglês
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Maracujá azul
Maracujá banana
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Granadilha (2)
Já aqui tinha falado da granadilha (Passiflora linguaris, Juss), a nova chamada tem a ver com o facto de finalmente ter desenvolvido fruto, ou seja, até aqui só dava flor, que caía, e nunca desenvolvia o fruto.
A novidade, pode ter diversas razões, o Outono quente, uma poda mais severa, ou ao desenvolvimento de outros maracujás perto dela.
Mas como dizia o meu avô:
Só podemos dizer que a colheita do trigo foi boa, quando estivermos a comer o pão
temos que esperar que o Inverno permita que os frutos vinguem.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
sábado, 17 de novembro de 2007
Papaia
A papaia, Carica papaya L., também conhecida por mamão, embora possa atingir 5 metros de altura, não é uma árvore é uma “erva gigante”, da ordem das Brassicales, a mesma ordem das nossas couves portuguesas.
O seu tronco é oco e a lenhificação do tronco só ocorre exteriormente numa camada fina da casca. Cresce muito rápidamente e tem uma vida curta.
Aproveita-se quase tudo desta planta, fruto sementes, folhas e raízes.
Um dos compostos mais utilizados extraídos desta planta é a papaina, que além de constar em muitos cremes de beleza é injectado em animais para abater, para amaciar a carne. Esta utilização, no modo artesanal, em Africa, consiste em enrolar a carne no frigorífico (quando o há) em folhas desta planta.
Se notarem nos tags, este post está incluído nos insucessos. Significa que nunca comi um fruto numa árvore plantada por mim.
A fotografia da papaieira que estão a ver é num terreno abandonado junto ao laboratório onde trabalho, um terreno antigo com os restos de obras que com a ajuda do jardineiro que leva para lá os corte de relva e caruma do pinheiro e o homem da máquina de café automática que vai deitando as borras de café, vai evoluindo em nutrientes.
Tem uma vantagem significativa, está virado a Sul e com os outros 4 pontos cardeais protegidos por um edifício de 4 pisos. Uma situação ideal para ter plantas tropicais. Este é um dos terrenos em que vou colocando os “restos” (excesso de plantas) do meu quintal.
As irmãs desta papaieira, na minha casa, apanharam uma espécie de fungo e perderam-se todas. Aqui vão com esta força, têm dois anos, já passaram um Inverno, o último que não foi muito frio.
Em tentativas anteriores a esta série, com as papaias, tem acontecido vários acidentes.
Metrológicos.
A geada pode queimar as folhas, se for muito persistente queima também o caule que é oco e a planta não tem recuperação.
O vento, se for muito forte, apanha o caule frágil e parte a árvore, como o caule é oco, dificilmente volta a rebentar.
Seca, em férias tempo quente e seco, principalmente no primeiro ano, pode secar a planta.
Outro tipo de acidente, existem a planta macho e a fêmea (em algumas espécies a folha da planta macho é mais rendilhada que a da fêmea). A planta que dá fruta é a planta fêmea, a macho só dá um cacho de flores.
Estive cinco anos em África e lá no quintal dos meus pais, várias vezes tentei plantar papaias, nasceram sempre e em grande número….sempre machos.
Entretanto a estrela das fotografias continua com flores e frutos vingados, falta a maturação, o que, nesta altura do ano, não acredito muito
Alteia
A alteia, Althaea officinalis L., é uma planta que, embora espontânea em Portugal, tem a sua origem nas estepes asiáticas. Famosa nos mosteiros da Idade Média donde se evadiu para os campos, é citada e recomendada nos capitulares de Carlos Magno (779-789 DC).
Hoje ainda é bastante utilizada. Uma das suas propriedades mais citadas é a de acalmar a tosse. É incompatível com o álcool.
Em Portugal dá-se bem, chegando a secar no Inverno a parte aérea, mas voltando a rebentar na Primavera seguinte.
Da Europa foi exportada para os Estados Unidos, e é chamada: "planta dos Marshmallow".
O marshmallow é um doce que, tem um aspecto esponjoso e gelatinoso, actualmente muito popular entre as crianças, até em Portugal, entrando cá na classificação geral de gomas.
Hoje a base de fabrico é a gelatina, mas a receita clássica era feita com a seiva da raiz da alteia, em vez da gelatina.
Uma das especialidades, é as espetadas de marshmallow, em que se os espetam num pau e levam-se rapidamente ao lume provocando uma capa crocante.
Esta receita é outra que anda em lista de espera para ser feita e é no Outono que se devem apanhar as raízes.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Regressando
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Oregãos
Aeromonas hydrophyla, Bacillus cereus, Bacillus subtilis, Clostridium botulinum, Listeria monocytogenes, Escherichia coli, Salmonella pullorum, Staphylococcus aureus e Streptococcus faecalis (Paul W. Sherman. Dasrwinian Gastronomy. Junho de 1999).
segunda-feira, 30 de julho de 2007
"Deixai-os crescer juntos"
No contexto biblico, esta parábola tem um sentido preciso, que não é o que eu quero aqui reflectir.
Numa leitura paralela, não deixa de ser um bom slogan contra o uso dos herbicidas.
Groselheira branca
Esta groselha, segundo os entendidos, é menos ácida que a vermelha, embora continue a ser ácida.
A da figura, é o primeiro ano que dá e deu poucas, é um arbusto com dois anos. Espero que os melros me deixem provar os frutos na completa maturação.
quarta-feira, 4 de julho de 2007
Manuel Gonçalves
quarta-feira, 27 de junho de 2007
Ruibarbo
Na Europa Central, é muito utilizada em doçaria, normalmente vê-se à venda só os talos, as folhas contêm compostos que podem serem irritantes para certas pessoas. É utilizada também em termos medicinais, embora neste caso seja utilizada a raiz descascada e seca.
O ruibarbo é originário das cadeias montanhosa a Ásia onde é plantada até cerca dos 4000m de altitude, daí a sua adaptação fácil ao clima da Europa Central.
No século XVIII, houve uma série de incidentes devido ao tráfico desta planta provocado pela qualidade diferente das várias variedades plantadas, embora não tenha encontrado referências à distinção das variedades dessa altura.
terça-feira, 5 de junho de 2007
Absinto (4)
segunda-feira, 4 de junho de 2007
Absinto (3)
O facto de imagem não ser necessariamente uma má notícia, devido à presença de afídeos negros, é porque é a única planta do meu quintal que foi atacada pelo piolho preto. Já o ano passado aconteceu o mesmo, não cheguei a tratá-la para ver se o absinto resistia ao ataque, resistiu e este ano, de proporções maiores foi novamente atacado. A parte da má notícia é que o ano passado não deu flores e este ano também ainda não vi os botões a formarem-se. Este ano continuo à espera, a ver no que resulta esta preferência.
segunda-feira, 7 de maio de 2007
Absinto (2)
Eça de Queirós, Os Maias
segunda-feira, 30 de abril de 2007
Absinto (1)
segunda-feira, 5 de março de 2007
A Terra
Um grão de poesia no teu seio!
Anda tudo a lavrar,
Tudo a enterrar centeio,
E são horas de eu pôr a germinar
A semente dos versos que granjeio.
Na seara madura de amanhã
Sem fronteiras nem dono,
Há de existir a praga da milhã,
A volúpia do sono
Da papoula vermelha e temporã,
E o alegre abandono
De uma cigarra vã.
Mas das asas que agite,
O poema que cante
Será graça e limite
Do pendão que levante
A fé que a tua força ressuscite!
Casou-nos Deus, o mito!
E cada imagem que me vem
É um gomo teu, ou um grito
Que eu apenas repito
Na melodia que o poema tem.
Terra, minha aliada
Na criação!
Seja fecunda a vessada,
Seja à tona do chão,
Nada fecundas, nada,
Que eu não fermente também de inspiração!
E por isso te rasgo de magia
E te lanço nos braços a colheita
Que hás de parir depois...
Poesia desfeita,
Fruto maduro de nós dois.
Terra, minha mulher!
Um amor é o aceno,
Outro a quentura que se quer
Dentro dum corpo nu, moreno!
A charrua das leivas não concebe
Uma bolota que não dê carvalhos;
A minha, planta orvalhos...
Água que a manhã bebe
No pudor dos atalhos.
Terra, minha canção!
Ode de pólo a pólo erguida
Pela beleza que não sabe a pão
Mas ao gosto da vida!
sexta-feira, 2 de março de 2007
Crassula
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
Estou baralhado
Ask Europe’s Head of States to Say No to Biofuel Targets
Retirado de:
http://www.regenwald.org/protestaktion.php?id=138
Como sabem os biocombustíveis são produzidos a partir de material vegetal (desde milho a óleo de fritos) e permitem reduzir (em teoria!) o consumo de combustíveis fósseis e portanto ajudar os objectivos europeus quanto ao Protocolo de Quioto.
A indústria automóvel está a favor da obrigatoriedade de elevadas percentagens de biocombustíveis para a Europa porque assim pode ser que evitem a imposição de limites de velocidade (embutidos nos próprios carros) e a introdução de medidas exigentes de eficiência energética. Estas são as duas medidas que realmente são necessárias, mas claro que vão fugir quanto puderem. A indústria da engenharia genética está aqui metida na esperança de que os biocombustíveis signifiquem um grande novo mercado para as suas colheitas de Frankenstein.
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007
A "morte" de um "bonsai"
Adquiri um bonsai, que não é um verdadeiro bonsai, são aproveitadas as características das árvores que rebentam facilmente de um tronco já adulto e bem enquadrada num vaso, aparenta ser um bonsai.
Em relação ao meu “bonsai” achei que o vaso era pequeno. Teve uma fase que parecia que se ia perder, mudei para um vaso maior com uma terra nutritiva e claro gostou da liberdade do espaço para as suas raízes. Tanto gostou que já vai em 10 anos de existência e cerca de 1,5m de altura, porque tem sido bem podado. A fotografia de corpo inteiro ficou mal, em contra luz.
Estes 10 anos esteve sempre no exterior, houve Invernos em que caía a folha, mas quando começava a aquecer, rebentava com bastante vigor. Este Inverno, embora um pouco amareladas, não chegaram a cair.
Demorei algum tempo a classificá-la, e com supresa confirmei que se tratava da Pachira aquatica Aubl. Uma árvore brasileira das zonas húmidas do Amazonas, estranhei bastante que se tivesse adaptado cá. Hoje é comum aparecer à venda como ornamental, muitas vezes com os troncos entrelaçados.
No Brasil como nome vulgar tem vários: Castanha do Maranhão, Munguba, Paina de Cuba , Sapote Grande, Mungu Barana, Cacau Selvagem , Castanheiro da Guiana , Embiratanha, Imbiruçu,
Esta árvore foi pela primeira vez descrita na obra “História dos Animais e Árvores do Maranhão”de Frei Cristóvão de Lisboa, escrito entre 1624 e 1627 e pela primeira vez publicado em 1967 (!?). O nome dado, na altura,de origem nativa era Ibomguiva
A descrição (Fol. 125 e 128 do manuscrito; 252 da reimpressão feita em (2000) Figs.1 e 2) acompanhada de uma estampa reza assim:
“Ibomguiva é uma árvore tamanha como macieira e a fruta é da própria forma de um melão; e o casco é pau todo cheio de castanhas que salgado com sal e água é muito bom comer;
a flor é desta maneira que está pintada e a cor rosada, amarela e branca, e tem muito grande
quantidade ao longo dos rios e fontes”. No desenho há a anotação: Ibonguiaba não se come fazem purgar.
A contradição no facto de se comer ou não a castanha deve-se ao facto de crua, fazer purgar e daí os nativos só a comerem cozida ou assada.
E como o meu bonsai morto, não faz justiça ao esplendor desta árvore, seguem duas fotografias de árvores adultas :
Foto de http://www.arvores.brasil.nom.br/florin/mungub.htm
Foto de http://www.oguialegal.com/falarfrutas.htm
sábado, 24 de fevereiro de 2007
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
Os paraísos artificiais
mesmo as colinas são de prédios altos
com renda muito mais alta.
Na minha terra, não há árvores nem flores.
As flores, tão escassas, dos jardins mudam ao mês,
e a Câmara tem máquinas especialíssimas para desenraizar as árvores.
O cântico das aves — não há cânticos,
mas só canários de 3º andar e papagaios de 5º.
E a música do vento é frio nos pardieiros.
Na minha terra, porém, não há pardieiros,
que são todos na Pérsia ou na China,
ou em países inefáveis.
A minha terra não é inefável.
A vida na minha terra é que é inefável.
Inefável é o que não pode ser dito.
(Jorge de Sena)
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007
Linho da Nova Zelândia
Tem vários nomes vulgares, além do citado no título. Nos Açores chamam-lhe espadana ou tabua, os brasileiros fórmio. É originária da Nova Zelândia, e o seu nome local em dialecto Maori é harakeke.
Em relação à família que pertence, coloquei Agavaceae no marcador, por ser a classificação da fonte mais segura. Pode estar desactualizada, apareceu-me, na pesquisa que fiz no Google, como pertencendo à família Phormiaceae, o que seria uma nova família criada. Nessa pesquisa também aparece como sendo da família Hemerocallidaceae e das Liliaceae … como sempre se alguém me esclarecer agradeço.
A minha preferência por esta planta, já de alguns anos a esta parte, é pela sua utilidade, e as diversa utilizações que tem. É daquelas plantas que que tem uma história que a maior parte das pessoas que a possui no jardim, desconhece.
Primeiro, é a minha ráfia, ou corda do quintal, as tiras que se destacam das folhas são bastante resistentes, (Na Quinta do Sargaçal, preferem a Cordlyne spp) mesmo mais resistente que a ráfia, além de se utilizar tanto “fresca” como seca.
Num site dos Açores, encontram-se transcrições do aproveitamento desta planta, que teria sido introduzida em Portugal, em 1789, pelo Abade José Correia da Serra., em termos industriais, que remontam ao sec. XIX
" Na magnífica propriedade de Lameiro do Sr. Conde de Jácome Correia, tivemos a oportunidade de ver a cultura da espadana, com aplicação industrial. A área é de 20 hectares. Tem instalada uma oficina, dotada de mecanismo apropriados para o desfibramento das folhas, o qual produz uma matéria téxtil muito resistente e que é exportada para Inglaterra e para o Porto, onde é aplicada no fabrico de cordas e de tecidos grosseiros"(Silva, 1893).
Para finalizar, mais utilizações desta planta
- As sementes tostadas servem como sucedânio do café.
- O néctar das flores (flores vermelho alaranjada) é comestível e saboroso.
- Retira-se uma boa goma (edible gum) da base das folhas.
- Aguenta bem os ventos, podendo servir como corta vento.
- Da espiga que chega a ter 2 metros de altura ou mais, o caule tem uma consistência próxima da cortiça, e é um óptimo material para fazer bóias para a pesca (utilização ainda restrita, penso eu…)
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
Sem comentários
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
A flor que és
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
Macadâmia
Todos os anos tento comprar uma (e só uma) árvore nova, ia usar o termo “diferente” com hesitação, mas o sentido é esse.
Costumo ir visitando, ás vezes revisitando viveiros, e escolher “uma”, além do mais por uma questão de disciplina, o meu espaço é pequeno, e muitas vezes no acto da compra não sei bem onde a irei colocar, além das que tenho em fila de espera, por reprodução em sementes, em vasos.
Este ano a escolha recaiu numa espécie arriscada, já a tinha visto no viveiro à dois anos, era uma espécie que não conhecia em Portugal. Mas estava no viveiro ao ar livre e aguentou já dois Invernos. Decidi experimentar.
Trata-se da noz da Austrália ou Macadâmia, outro pormenor é tratar-se da espécie Macadamia tetraphylla L.A.S. Johnson, pelo formato da folha a lembrar a folha do azevinho mas em ponto grande, a outra espécie, mais cultivada desta família é a M. integrifolia Maiden & Betche, sem os picos nas folhas. Aqui também algumas dúvidas, principalmente após pesquisas de imagens no google. Na fotografia não se vê bem, mas no local onde a folha ondula, existe um espinho no rebordo da folha.
Quando falei de espécie arriscada, referia-me à temperatura, o zero vegetativo desta espécie, em várias referências, varia entre +9ºC e -4ºC. Não sei em que condições ele é definido, mas os +9ºC como limite mínimo, não é de certeza