Está na altura de apanhar os orégãos, mais uns dias de sol forte e começam a ficar queimados, as sépalas a
passar do verde-claro para castanho e perde-se uma grande parte do aroma.
O termo Origanum vem dos
gregos, de oros e ganos, que significa a alegria das montanhas.
Existem duas espécies que se
distinguem pelo habitat em que vivem
O Origanum. virens ( ou Origanum vulgare L. subsp. virens
(Hoffmanns. & Link) Bonnier & Layens)
cresce em sítios secos e áridos, margens de campos cultivados e sebes. A
flor é sempre branca. Classifico este como sendo o que é espontâneo em
Portugal.
O Origanum vulgare
cresce em sítios frescos, margens de ribeiros e de campos cultivados.
Normalmente é a espécie que é comercializada podendo a flor ser branca,
vermelho purpurascente e rosada, ou matizes entre estes tons. As plantas do O. Vulgare podem apresentar acentuada
variabilidade morfológica, sobretudo na inflorescência, devido à origem diversa
das plantas adquiridas no comércio. Existem também já vários cultivares (1)
desta espécie,
clinkle leaf- folhas douradas e encaracoladas e
aromáticas,
variegatum – folhas verdes levemente aromáticas
e manchadas de dourado,
aureum – folhas ligeiramente aromáticas, que
se enrugam à luz directa do sol, ~
compact pink flowered – folhas verdes escuras de aroma
forte e penetrante, fascículos compactos, cor de rosa escuros.
A composição química de cada uma das espécies é muito próxima
e parece não depender tanto da variedade em si, mas sim da constituição do solo
em que crescem.
Será talvez um dos melhores anti-sépticos naturais
conhecidos, devido ao elevado teor em timol e carvacrol (em seco). Utiliza-se
como expetorante, no tratamento de problemas respiratórios, como asma ou
bronquite. Em infusão pode combater a tosse, dores de cabeça de origem nervosa
e irritabilidade, tendo também propriedades antiespamódicas e digestivas.(2)
A sua aplicação como erva aromática é variada, a começar pelo
gaspacho Alentejano a acabar nas pizzas
em Itália… mas demos a voz ao Pantagruel (3):
[…] Empregado em demasia, é áspero, quase contundente, mas,
na devida conta, empresta um arejado e um simpático sabor a campo a tudo em que
colabora. Em peixes cozidos – no último instante, à saída do lume – põe o toque
mágico exacto. Em marinadas e vinha-d’alhos, sobe muitos pontos por conta
própria. No molho de tomate, se não houver manjericão, é imprescindível. Em
certas mocelas, consegue prodígios. Uma leve pitada em mariscos ou em cabrito
para assar revela supressas escondidas. […]
(1)
Guia Prático das Plantas aromáticas – Lesley
Bremness – Circulo dos Leitores -1993
(2) Natureza
Gastronomia e Lazer – Plantas silvestres alimentares e ervas aromáticas
condimentares - Maria Manuel Varagão (coord.) – Edições colibri.
(3) O
Livro do Pantagruel – Bertha Rosa Limpo,
Jorge Brum Canto, Maria Manuela Limpo Caetano, 56ª edição,